(Foto: Divulgação/Netflix)
A compra da Warner Bros. pode prejudicar títulos originais no catálogo
A fusão que colocou a Netflix no comando da Warner Bros. por R$ 439 bilhões mudou o mapa do entretenimento mundial. A plataforma agora controla um dos estúdios mais tradicionais de Hollywood, a HBO Max e um acervo recheado de marcas gigantes. Mas, enquanto o foco se volta para essas propriedades de alto impacto, um efeito colateral inevitável surge: várias séries originais da própria Netflix, elogiadas e quase perfeitas, podem ser engolidas pelo catálogo cada vez mais monumental.
Essas produções já sofriam com um problema antigo da plataforma, marcada por lançamentos massivos e cancelamentos rápidos. Muitas obras excelentes nunca tiveram espaço suficiente para crescer, e outras foram soterradas por sucessivas estreias semanais que dominavam a conversa pública. Agora, com a atenção dividida entre franquias como Harry Potter e o universo da DC, o risco de completa invisibilidade aumenta.
A seguir, cinco séries brilhantes que mereciam muito mais reconhecimento e que provavelmente vão ficar ainda mais perdidas na nova era da Netflix.
Uma das produções mais ambiciosas da história da Netflix, Sense8 acompanha oito pessoas ao redor do mundo conectadas por uma ligação emocional, sensorial e sobrenatural. A série filmada em diversos países entrega narrativa ousada, diversidade autêntica e momentos profundamente emocionantes. Mesmo assim, nunca alcançou o patamar cultural que merecia e tende a ser cada vez menos lembrada dentro do catálogo inflado pela fusão.
Messiah parte de uma premissa poderosa: como o mundo reagiria se eventos descritos em textos religiosos começassem a ocorrer hoje? A série acompanha Al-Masih, figura enigmática que inspira seguidores e desperta desconfiança das autoridades. O suspense, a ambiguidade e as discussões filosóficas tornaram o projeto único, mas ele foi interrompido cedo demais. No novo cenário, é o tipo de título sofisticado que corre risco de desaparecer.
A produção dinamarquesa imagina um vírus mortal transmitido pela chuva que devasta a Escandinávia, acompanhando dois irmãos em um mundo pós-apocalíptico cheio de tensão e conflitos emocionais. Original e atmosférica, The Rain entrega uma distopia envolvente que nunca recebeu marketing proporcional à sua qualidade. Com o foco deslocado para novos gigantes do catálogo, deve ficar ainda mais escondida.
Estrelada por Emma Stone e Jonah Hill, Maniac criou um universo visual hipnotizante ao combinar ficção científica, psicodelia, humor e drama psicológico. Ambientada em um experimento farmacêutico que promete curar transtornos mentais, a série explora narrativas fragmentadas e realidades distorcidas com estilo inconfundível. É uma obra quase perfeita que merecia ser lembrada, mas pode se tornar apenas um título perdido no meio de franquias maiores.
A comediante Mae Martin constrói uma dramedy sensível, íntima e engraçada sobre carreira, trauma, amor e recuperação. Feel Good equilibra emoção e humor com uma naturalidade rara, trazendo ainda uma das melhores performances de Lisa Kudrow. Mesmo aclamada, segue subestimada e o novo momento da Netflix tende a afundar ainda mais essa joia entre produções de escala muito maior.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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