Divulgação/Disney+
Sem poder explicitar orientação de Michael no desenho dos anos 2000, criadores finalmente avançam na discussão em Maior e Melhor
Apesar de o Disney+ ter recusado um revival de Lizzie McGuire (2001-2004) por não aprovar a inclusão de temas mais adultos na série, o streaming do Mickey Mouse tem inserido temas importantes em suas produções. A Família Radical: Maior e Melhor, continuação tardia da animação exibida pelo Disney Channel entre 2001 e 2005, conta com representantes da comunidade LGBTQIA+ entre seus personagens –algo que a atração original tinha que fazer de maneira bem mais sutil.
“Na série original, nós meio que colocamos o Michael [dublado na época por Phil LaMarr] como um personagem do guarda-chuva LGBTQIA+, mas não podíamos dizer com todas as letras que ele era gay. E então fizemos um episódio, Quem Você Está Chamando de Fresco?, no qual revelamos que Michael não estava sendo honesto consigo mesmo. Foi quando estabelecemos que Michael era gay, mas nas entrelinhas, para quem precisava entender aquilo”, lembra Bruce W. Smith, criador e showrunner de A Família Radical, em entrevista exclusiva à Tangerina.
O episódio, exibido originalmente em 2005, gerou tantos questionamentos e controvérsias que deixou de ser mostrado pelo Disney Channel nas reprises de A Família Radical. O público só pôde conferir o capítulo novamente em 2020, quando a animação foi disponibilizada no Disney+. Com a ideia de continuar a história em um revival, Bruce W. Smith e Ralph Farquhar decidiram avançar a abordagem para acompanhar as mudanças na sociedade.
“Nessa nova versão, queríamos explorar mais todos os personagens, inclusive Michael [atualmente com a voz de EJ Johnson]. Então agora podemos mostrar quem ele é de verdade, sem meias palavras. E uma das coisas que decidimos é que ele não seria o único personagem da comunidade LGBTQIA+, porque já vimos muitas séries em que há um único personagem negro e ele precisa representar todo o espectro da negritude. E sabemos que as coisas não assim na vida real”, continua Smith.
Para ampliar o guarda-chuva, Smith e Farquhar apresentaram novos amigos para a família Proud. Os irmãos gêmeos Maya (Keke Palmer) e KG (A Boogie wit da Hoodie) são filhos adotivos de um casal gay, Barry (Zachary Quinto) e Randall (Billy Porter) –os atores que fazem as vozes também são da comunidade LGBTQIA+. “Com eles, podemos explorar melhor a experiência de um homem gay no mundo atual. E temos muitos personagens que representam diferentes grupos, a ideia é realmente abrir a porta de casa, ver o mundo lá fora e se integrar com essas pessoas”, diz Bruce.
Como a animação dos anos 2000 trouxe avanços imensos para a representatividade negra nos desenhos, a expansão da discussão em A Família Radical: Maior e Melhor não deveria ser uma surpresa para seu público. “Nós construímos em cima do que já tínhamos feito. Sentíamos que a série original era um negócio que não finalizamos. Tínhamos muitas histórias para contar ainda, e adicionamos personagens que nos dão mais material para trabalhar. Mas a Penny [Kyla Pratt] ainda é a Penny, o Oscar [Tommy Davidson] ainda é o Oscar, superprotetor e sem confiar na filha… A Trudy [Paula Jai Parker] ainda é a Trudy. E, claro, a Vovó Zica [Jo Marie Payton] continua sendo quem ela é. Aliás, na segunda temporada ela vai ser ainda mais (risos)”, adianta Farquhar.
Quem optar pelo som original de A Família Radical: Maior e Melhor vai se deparar com uma série de vozes conhecidas –a animação original, vale lembrar, tinha seu tema cantado por ninguém menos do que Beyoncé e sua irmã, Solange Knowles! O elenco convidado inclui nomes como o indicado ao Oscar Leslie Odom Jr., o músico Chance the Rapper, a cantora Normani (ex-Fifth Harmony) e atores como Anthony Anderson (Blackish), Glynn Turman (In Treatment), Debbie Allen (Grey’s Anatomy) e Wes Studi (Dança com Lobos).
A segunda temporada de A Família Radical: Maior e Melhor estreia nesta quarta-feira (1º) no Disney+. O primeiro ano está disponível completo no streaming. Confira o trailer da animação:
A Família Radical: Maior e Melhor
Segunda temporada estreia nesta quarta (1º) no Disney+
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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