FILMES E SÉRIES

Milena Smit

Divulgação/Netflix

MINISSÉRIE ESPANHOLA

A Garota na Fita é uma história real? Conheça novo sucesso da Netflix

Minissérie espanhola foi vista por 31,8 milhões de horas em seus três primeiros dias no catálogo da plataforma; saiba mais sobre a trama

André Zuliani

Desde a estreia de La Casa De Papel (2017-2022), várias produções espanholas ganharam na Netflix a chance de virarem sucesso mundial. Desde então, títulos como Elite, Sky Rojo e Desejo Sombrio (2020-2022) se tornaram hits da plataforma e conquistaram fãs em todo o mundo. Agora, a mais nova atração da Espanha a furar a bolha é a minissérie A Garota na Fita (2023).

Criada pela dupla Jesús Mesas Silva e Javier Andrés Roig, a atração inspirada no livro homônimo de Javier Castillo estreou na plataforma em 27 de janeiro e não deixou a lista de séries mais vistas da Netflix desde então. Nos três primeiros dias que ficou disponível no catálogo, A Garota na Fila já contava com 31,8 milhões de horas vistas, o que a colocou como a terceira produção de língua não inglesa mais assistida do serviço na semana passada –e a quinta quando todos os idiomas são levados em conta.

A trama conta a história de Miren Rojo (Milena Smit), estagiária de jornalismo do principal jornal de Málaga e sobrevivente de um estupro. Ela se envolve na investigação do sumiço da garota Amaya Nuñez, de seis anos, que desapareceu durante a parada da Cavalgada de Reis Magos, uma das festas mais importantes de Málaga.

Apesar de novata, Miren conta com a ajuda de seu mentor para seguir com a apuração paralela à investigação policial. Anos depois do desaparecimento de Amaya, uma fita cassete endereçada à jornalista indica que a jovem ainda pode estar viva, o que reaquece o mistério envolvendo a jovem.

Loreto Mauleón e Raúl Prieto

Loreto Mauleón e Raúl Prieto interpretam os pais da garota desaparecida

Divulgação/Netflix

Por A Garota na Fita ser a adaptação de um livro, muitos assinantes pensaram se tratar de um crime real que marcou a população de Málaga, cidade espanhola na qual se passa a trama da série. No entanto, a história criada por Castillo não é nada mais do que uma ficção.

Como quase toda adaptação, a versão audiovisual de A Garota na Fita precisou fazer várias alterações na trama original do livro. Em entrevista ao jornal Diario Sur, Castillo explicou que havia a necessidade de se mudar certas coisas para que a história se encaixasse na narrativa da série.

“Existem adaptações que se concentram em reproduzir cenas, mas não funcionam na tela. E aqui tive a ideia de adaptar a alma do romance: uma menina que desaparece em um passeio a cavalo e, vários anos depois, aparece uma fita da menina brincando em uma sala desconhecida. Ao mesmo tempo, uma jornalista que sofreu uma agressão sexual acredita que, ao encontrar a garota, ela encontrará a si mesma, porque se sente perdida. E a partir daí jogamos com ideias novas ou de outros livros para criar uma trama que dê certo”, explicou o autor de 36 anos.

Nascido em Málaga, Castillo usou sua cidade natal como base para a história de A Garota na Fita. Cartões-postais da cidade, assim como o próprio jornal Diario Sur, fazem parte da trama sobre a investigação do sumiço de uma criança que dura quase uma década. Manter a essência e todas as características do livro só foi possível porque a Netflix convidou o autor para participar do desenvolvimento da atração como consultor de roteiro.

“Tive sorte que a Netflix e a produtora Atypical quiseram que eu me envolvesse e estive nos roteiros formando uma equipe, sem escrever, mas revisando cada capítulo. Eles fizeram a adaptação, e eu fiquei esperando o resultado, os detalhes e a continuidade. Também me esforcei para que não nos desviássemos da alma do romance”, continuou.

Aixa Villagrán e Marco Cáceres

Aixa Villagrán e Marco Cáceres são os policiais que investigam o caso

Divulgação/Netflix

Vale a pena assistir à minissérie?

Com seis episódios, A Garota na Fita explora um espaço temporal de vários anos que cobre a investigação do desaparecimento de Amaya. Durante este período, Miren passa de estagiária a uma das jornalistas mais prestigiadas do jornal. Ao lado do mentor Eduardo (Jose Coronado), ela busca por pistas para resolver o mistério e cumprir a missão que a polícia não foi capaz de fazer.

Embora o suspense envolvendo o destino de Amaya seja intrigante, a minissérie deixa algumas lacunas que são difíceis de engolir. Implacável, Miren passa por cima da polícia para tentar trazer a menina de volta para a sua família. Isso acaba a envolvendo com a investigação de um grupo de abusadores que usa a internet para promover e vender pornografia infantil, e que talvez esteja ligado aos criminosos que a estupraram tantos anos antes.

No decorrer da série, no entanto, esta premissa é deixada quase de lado, não havendo espaço para resolver ambos os mistérios. O mesmo acontece com o drama da família de Amaya, cujos pais são completamente esquecidos. Em alguns momentos, A Garota na Fita indica que problemas afetaram a relação dos dois no tempo em que a filha foi dada como desaparecida, mas nada disso é explorado e fica apenas como “pistas” no roteiro.

A própria ação da polícia é digna de questionamentos. Com Miren quase sempre um passo à frente das autoridades, a inspetora Millán (Aixa Villagrán) tem uma atitude quase submissa com relação à jornalista, muito por causa do insucesso na procura pelos estupradores de Miren.

Assim como em muitas séries de suspense, as reviravoltas e surpresas de A Garota na Fita podem agradar a alguns e decepcionar outros. A tentativa de inovar e fugir dos clichês do gênero é bem-vinda, mas há ressalvas a serem feitas quanto a resolução encontrada por Castillo para justificar as tais fitas do título. Mesmo que tenha respostas mistas do público, é certo dizer que a Netflix encontrou um novo hit espanhol para chamar de seu.

Assista abaixo ao trailer (com legendas em inglês) de A Garota na Fita:

Milena Smit

A Garota na Fita

Trailer oficial (em inglês)

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QUEM FEZ

André Zuliani

Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.

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