FILMES E SÉRIES

Renê Bonetti em fotos antigas; ele continua morando nos Estados Unidos hoje em dia

Fotos antigas de Renê Bonetti (Divulgação/Prime Video e Reprodução/TV Globo)

CONDENADO NOS EUA

A Mulher da Casa Abandonada: O que aconteceu com Renê Bonetti

Engenheiro foi julgado, condenado e ficou seis anos e meio preso, mas refez a vida nos Estados Unidos

Vinícius Andrade, Tangerina
Vinícius Andrade

A série documental A Mulher da Casa Abandonada faz sua estreia no Prime Video nesta sexta-feira (15), reacendendo os holofotes sobre um dos casos mais intrigantes e chocantes dos últimos tempos no Brasil e nos Estados Unidos. Renê Bonetti é um personagem que ficou como coadjuvante em meio à repercussão do caso, mas tem papel importante na história. A Tangerina te explica o que aconteceu com o engenheiro.

O documentário disponível no streaming da Amazon é inspirado no podcast do jornalista Chico Felitti, que viralizou em 2022. O caso central envolve Margarida Bonetti e seu ex-marido, Renê Bonetti, acusados de manter a empregada Hilda Rosa dos Santos em condições análogas à escravidão durante cerca de 20 anos nos Estados Unidos.

A empregada, que havia sido levada para o país norte-americano pelo casal na década de 1970 sem registro em carteira e sem visto de permanência, teria sido forçada a viver em um porão sem banheiro e janelas, sendo submetida a agressões físicas. A situação irregular foi denunciada às autoridades no final da década de 1990, colocando Renê e Margarida na mira do FBI, a Polícia Federal Americana.

Ao contrário de Margarida, que retornou ao Brasil antes do julgamento e não renunciou à sua cidadania brasileira, o que a impediu de ser extraditada, Renê Bonetti enfrentou a Justiça dos Estados Unidos. Ele foi julgado, condenado e ficou seis anos e meio preso. Em 2022, ele concedeu uma entrevista ao programa Domingo Espetacular, da Record, por telefone. “Perdi meu emprego, perdi minha casa, perdi tudo”, disse o engenheiro. Assista à entrevista:

Apesar da condenação e das acusações, Renê Bonetti, na entrevista concedida à Record, manteve que tratava bem a empregada, afirmando que “ela comia o que a gente comia”. Ele também relatou que as brigas com empregada teriam começado depois que Margarida passou a tomar um remédio para emagrecer. “As duas se saíram a tapas, a Hilda saiu de casa e foi reclamar com uma vizinha”, contou.

As autoridades norte-americanas entrevistadas na série explicaram que o casal não poderia ser acusado de “escravidão”, pois as leis eram muito antigas. “Naquela época, estávamos em uma situação em que a Suprema Corte dos Estados Unidos havia dito que a coerção psicológica não era suficiente. Essa ideia de que era preciso mostrar força física”, disse Lou Debaca, advogado e defensor público.

Os Bonetti, então, foram processados por abrigar uma imigrante ilegalmente. Durante o julgamento, Renê seguiu negando as acusações. Considerado culpado pelo júri, o engenheiro ainda teve um aumento na pena porque a juíza entendeu que ele prestou falso testemunho. Além da sentença criminal, também foram aplicadas penalidades monetárias, como uma multa de US$ 110 mil. O caso ainda foi um impulso para uma lei antitráfico nos Estados Unidos, a Lei de Proteção das Vítimas de Tráfico e Violência, que condena “formas modernas” de escravidão.

Assim como fez no julgamento, Renê isentou Margarida de toda a responsabilidade pelo ocorrido na entrevista à Record em 2022, declarando: “A Margarida brigou com a Hilda, mas a culpa foi minha porque eu mantive a Hilda lá. Eu devia ter mandado a Hilda de volta para o Brasil, isso não teve nenhuma culpa dela [da Margarida]”. Um amigo de Renê, também morando nos Estados Unidos, o descreveu como uma pessoa extremamente generosa, bondosa e de coração puro.

O engenheiro refez a vida. Após cumprir sua pena, ele se divorciou de Margarida Bonetti, casou-se novamente e teve outro filho, continuando a viver no país norte-americano. De acordo com informações da CNN, Renê trabalha atualmente como diretor em uma empresa. Não há fotos que mostrem como Renê Bonetti está hoje.

Esse é um contraste marcante com a vida de Margarida, que vive reclusa e sozinha na mansão em Higienópolis, um imóvel decadente e cheio de sujeira, avaliado em R$ 8 milhões, mas que não passa por reformas.

A vítima, Hilda Rosa dos Santos, teve o direito de escolher se preferia voltar para o Brasil ou continuar nos Estados Unidos. Ela disse que, se fosse para morar em São Paulo, queria continuar no país norte-americano. A idosa foi levada para um abrigo e recebeu um visto de permanência. Margarida Bonetti jamais respondeu pelas acusações de crimes.

No Brasil, a popularização do podcast de Chico Felitti em 2022 impulsionou um aumento de 67% nas denúncias de suspeitas de trabalho doméstico análogo à escravidão ao Ministério Público do Trabalho (MPT). A série documental que estreou hoje no Prime Video, com novos detalhes e depoimentos, aprofunda ainda mais essa complexa e multifacetada história.

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Vinícius Andrade, Tangerina

Vinícius Andrade

Jornalista e colaborador da Tangerina. Vinícius Andrade já foi editor do Notícias da TV e tem especialização em SEO. Interessado por tudo o que envolve mercado de entretenimento, tem mais de 13 anos de experiência na área e também trabalha com jornalismo local. E-mail: vinicius@tangerina.news

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