FILMES E SÉRIES

Viola Davis em cena de A Mulher Rei

Divulgação/Sony Pictures

Gina Prince-Bythewood

Esnobada por Oscar, diretora de A Mulher Rei acusa racismo da Academia

Gina Prince-Bythewood estava cotada para concorrer como melhor diretora, mas longa com Viola Davis não teve nenhuma indicação

Luciano Guaraldo

Cotado para várias categorias no Oscar 2023, o longa A Mulher Rei acabou completamente excluído da lista de indicados –até mesmo para a estrela Viola Davis. A diretora Gina Prince-Bythewood não se calou diante da situação e acusou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de racismo, já que filmes como Till e Saint Omer, dirigidos por mulheres pretas, também ficaram de fora.

“A Academia fez uma declaração muito alta [com as indicações ao Oscar], e se eu ficasse quieta eu estaria aceitando essa declaração. Então eu decidi me pronunciar, em nome de todas as mulheres pretas cujo trabalho foi menosprezado no passado, é menosprezado agora –como Alice Diop e Saint Omer, Chinonye Chukwu e Till– e para aquelas que ainda sequer pisaram em um estúdio”, escreveu Gina em um depoimento ao The Hollywood Reporter.

“O filme A Mulher Rei não foi esnobado. Isso aconteceria se ele tivesse sido esquecido em uma ou duas categorias. Mas ele não foi indicado em nenhuma. Nenhuma atuação foi reconhecida, nenhum trabalho nos bastidores foi lembrado. Quando foi que isso aconteceu com um longa bem-sucedido que havia preenchido todos os requisitos? Não fomos esnobados. Isso é uma reflexão de onde a Academia fica na fissura entre reconhecimento e excelência preta. E esse não é um problema apenas de Hollywood, mas de todas as indústrias.”

A diretora afirmou que ouviu da boca de alguns votantes do Oscar que não queriam ir até as sessões de A Mulher Rei para ver o filme. “Fui pega de surpresa por membros da Academia que acharam que era algum tipo de elogio me contar que tiveram de ser arrastados até a exibição, porque achavam que não era um longa voltado para eles. Ouvir isso várias vezes foi um soco no estômago”, contou.

“Não é assim que eu encaro o cinema. Eu vi Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo e Top Gun: Maverick porque ouvi que eram filmes muito bons. Quando você escuta isso, você vai até o cinema. Ou você assiste ao trailer e diz: ‘Eu quero ver isso, parece bom’. Nós, mulheres pretas, não temos a mesma chance. Então, precisamos nos perguntar: ‘Por que é tão difícil se identificar com o trabalho de seus colegas pretos?’. Por que os votantes da Academia não conseguem se identificar com mulheres pretas, com sua humanidade, com seu heroísmo?'”, provocou Gina.

A cineasta ainda ressaltou um momento que enfrentou no seu novo projeto e que seria uma prova do racismo do Oscar. “Eu sou produtora de um filme, e os executivos exigem que o diretor seja um preto vencedor do Oscar. Isso soa incrível, mas quem poderia ocupar essa função? Em 95 anos de Oscar, nenhum cineasta preto venceu o troféu de melhor direção. Nenhuma mulher preta foi sequer indicada”, alfinetou.

De fato, em todas as edições do prêmio máximo do cinema, apenas seis homens pretos foram indicados como melhor diretor. John Singleton (1968-2019) fez história por Os Donos da Rua (1991), abrindo as portas para Lee Daniels (Preciosa), Steve McQueen (12 Anos de Escravidão), Barry Jenkins (Moonlight: Sob a Luz do Luar), Jordan Peele (Corra!) e Spike Lee (Infiltrado na Klan).

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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