Divulgação/Sony Pictures
Longa estreia nos cinemas nesta quinta-feira; John Boyega e Lashana Lynch também estão no elenco do filme de ação com carga dramática
Vencedora de um Oscar, Viola Davis tem em A Mulher Rei (2022) a chance de buscar a segunda estatueta dourada de sua carreira. Na pele de uma guerreira africana líder de uma unidade formada apenas por mulheres, a atriz de 57 anos brilha como estrela de ação sem perder a carga dramática.
Inspirado em eventos reais, A Mulher Rei conta a história das Agojie, guerreiras do reino de Daomé, um dos estados mais poderosos da África nos séculos 18 e 19. Na trama, Viola interpreta Nanisca, general da unidade e mulher mais respeitada entre os habitantes locais. Sua subordinadas são conhecidas pela habilidade invejável em combates, capazes de vencer até os mais poderosos soldados homens.
Na cultura de Daomé, as mulheres que se tornam Agojie são excluídas da sociedade. Rejeitadas pela família e solteiras, elas veem na vida de soldado uma maneira de escapar da morte. Para isso, elas abrem mão do direito de se casarem e serem mães, definindo suas vidas apenas pelo companheirismo entre elas e o suor das batalhas.
No centro da história está Nawi (Thuso Mbedu), jovem de 19 anos que se recusa a aceitar o casamento arranjado por sua família. Ao rejeitar o noivo e causar a fúria de seu pai, ela é oferecida às Agojie, mulheres pelas quais a garota já tinha grande admiração. Ao entrar na unidade, porém, ela percebe que a vida de uma guerreira e seus treinamentos são extremamente mais difíceis do que imaginava.
As guerreiras Agojie lideradas por Nanisca
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Implacável e teimosa, Nawi logo chama a atenção de suas superioras. Além de se tornar quase uma protegida da excelente guerreira Izogie (Lashana Lynch), a jovem entra no radar de Nanisca. Sem a possibilidade de ser mãe, a general se afeiçoa cada vez mais à novata, mas sem perder a atitude de comandante e apontar as inúmeras falhas que poderiam levar Nawi em direção à morte certa.
Nanisca, por outro lado, vive na expectativa de ser eleita a nova Mulher Rei para ser o braço direito do rei Ghezo. Posição de tradição em Daomé, o rótulo foi esquecido pelos antecessores de Ghezo e pode honrar os feitos da general após anos defendendo o reino. A paz local, no entanto, é ameaçada pelos avanços da força militar comandada por Oba Ade (Jimmy Odukoya), general do império Oyo, que faz fortunas entregando povos rivais e prisioneiros de guerras para vendedores de escravos europeus.
Dirigido por Gina Prince-Bythewood, A Mulher Rei é um conto sobre a lenda de guerreiras ignoradas pela história ocidental e que finalmente ganham importância no cinema. Na pele de Nanisca, Viola Davis surge imponente tal como uma integrante da Liga de Justiça, mas sem apetrechos tecnológicos ou magia; aqui, as Agojie são as amazonas da vida real, mas sem super forçapara ajudá-las em combate.
Pelas câmeras de Gina, a general Nanisca é o símbolo da bravura e da coragem de mulheres que passaram a vida excluídas. Apesar do respeito do povo de Daomé, elas só têm umas as outras para se apoiarem, e é da força da unidade como grupo que as Agojie encontram o seu diferencial.
Viola Davis e John Boyega
Divulgação/Sony Pictures
Menos sanguinolento do que outros filmes com muitas sequências de ação, A Mulher Rei é uma obra feita para idolatrar suas estrelas. Seja Viola, Thuso Mbedu, Lashana Lynch ou Sheila Atim, as atrizes pretas dão um show de atuação com química impecável e uma preparação física para as cenas de luta que não deve em nada a filmes da Marvel. Há intensidade em todas as trocas, sejam elas em diálogos ou olhares.
Nem mesmo John Boyega, alçado ao status de astro por integrar o elenco do universo de Star Wars, tira o brilho das atrizes de A Mulher Rei. Calado e de poucas expressões, seu personagem surge para exaltar a força das Agojie e a representatividade de Nanisca. Afinal, a protagonista da história é a general, e dela é que surgem as principais nuances e camadas que levam o longa a ser muito mais do que apenas mais um filme de ação.
Desenvolvido para dar o protagonismo às mulheres pretas, A Mulher Rei é a oportunidade perfeita para a Academia cogitar dar a segunda estatueta do Oscar de Viola Davis. A força de Nanisca e sua representatividade prometem ecoar pela história do cinema, o que pode significar uma virada de jogo dentro da indústria e, de quebra, ajudar a extinguir o racismo de todos os polos da sociedade.
A Mulher Rei
Trailer legendado
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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