Divulgação/Lucasfilm
Último episódio da primeira temporada estreia nesta quarta-feira (23) no Disney+ e prova que franquia espacial vai além da família Skywalker
Mais recente adição à franquia Star Wars, Andor encerra a sua primeira temporada nesta quarta-feira (23) em alta. Após a frustração dos fãs com Obi-Wan Kenobi (2022), a atração derivada de Rogue One: Uma História Star Wars (2016) mostrou o caminho que deve ser seguido pela saga espacial no futuro.
Por mais que a audiência de Andor não seja a mesma de títulos anteriores, a série desenvolvida por Tony Gilroy tem sido aclamada pela imprensa desde a sua estreia. Com Diego Luna de volta ao papel do rebelde Cassian Andor, a atração mostra evolução em comparação a outras produções do universo Star Wars ao entregar uma trama corajosa e madura.
Sem abusar das participações especiais de personagens consagrados ou usar a eterna guerra entre jedis e siths como muleta, Andor estreou no Disney+ sem muito alarde. As críticas à caça-níquel Obi-Wan Kenobi e à bagunça de O Livro de Boba Fett (2021) colocaram em xeque um futuro promissor que havia começado com o pé direito, após o sucesso quase instantâneo de The Mandalorian.
Os problemas com essas duas séries demonstraram que não era suficiente para uma série de Star Wars cobrir a tela com personagens familiares retratados por atores amados há anos e importantes para a franquia. Não basta dar ao público o que ele já espera, nem acreditar que tudo o que funciona dentro de um filme será perfeito para uma produção da TV ou streaming.
Diego Luna e Fiona Shaw em cena de Andor
Divulgação/Lucasfilm
Além do terreno pouco fértil deixado pelas antecessoras, a nova série tinha como protagonista um personagem que nem de longe era exaltado como Obi-Wan ou Boba Fett. Em Rogue One, entre os vários elogios direcionados ao filme, a cena mais emblemática envolve um dos símbolos que fizeram de Star Wars a maior franquia da história da cultura pop: Darth Vader.
Desmerecida antes mesmo de estrear, Andor soube reverter o cenário. A série surpreendeu com sua abordagem madura, inteligente e emocionalmente cativante para retratar pessoas comuns lutando contra forças fascistas. Enquanto a maioria das outras produções de Star Wars está repleta de sabres de luz e reviravoltas, aparentemente projetados exclusivamente para gerar conversas nas redes sociais, Andor exibe momentos de silêncio, diálogos poéticos e representações de instituições como esquadrões policiais sendo usados para reprimir o proletariado.
Com 12 episódios, a primeira temporada de Andor é maior do que qualquer outra de Star Wars já lançada no Disney+. Isso permitiu que os roteiristas desenvolvessem os personagens pouco a pouco e preparassem o público para o final quase apoteótico que chegaria com os últimos episódios –uma das melhores batalhas especiais já vistas em toda a franquia.
Stellan Skarsgård e Diego Luna
Divulgação/Lucasfilm
Os fracassos de produções anteriores não diminuíram o ritmo da Lucasfilm. Além do início das gravações do segundo ano de Andor, 2023 também marcará a chegada da terceira temporada de The Mandalorian e as estreias de Ahsoka e The Skeleton Crew. A primeira trará de volta Rosario Dawson na pele de uma das jedi mais populares da franquia, enquanto a segunda seguirá uma história original estrelada por Jude Law (Sherlock Holmes).
Com o calendário cheio, Star Wars deixou de ser há muito tempo uma franquia que coloca um filme em cartaz a cada três anos. Claro, lançar produções com um curto espaço de tempo entre si pode levar à exaustão do público, um processo com o qual a Marvel tem sofrido desde 2021.
Andor, com seu tom único e sua ênfase em novos personagens, oferece uma luz de como fazer algo novo não irá virar automaticamente igual ou preso ao resto da franquia. O futuro de Star Wars não deve ser baseado em cópias da nova série, mas há na atração boas dicas de bom senso criativo em busca de uma estética única própria.
A qualidade de Andor mostra que aumentar o volume de produção desses projetos não resultará necessariamente no fim total da qualidade das produções de Star Wars. Se o problema da franquia parecia ser a eterna dependência da família Skywalker, a nova série, bem como The Mandalorian, prova que há, sim, vidas interessantes dentro desta galáxia tão, tão distante.
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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