Divulgação/Netflix
A série tem todos os aspectos positivos que a gigante do streaming pode replicar em seus próximos projetos
A Netflix parece ter reencontrado seu caminho com As Quatro Estações do Ano. A nova série original quebra o ciclo de produções genéricas que têm preenchido o catálogo da plataforma e se destaca como uma obra madura, elegante e surpreendentemente emocional. É um raro acerto que deve servir de modelo para o que a gigante do streaming pode — e deve — fazer daqui para frente.
Logo de início, o elenco chama atenção. Tina Fey, Colman Domingo e Steve Carell formam um trio de protagonistas que dificilmente se vê reunido numa mesma produção televisiva. Todos são veteranos com trajetórias sólidas na comédia e no drama, e entregam atuações que misturam leveza, vulnerabilidade e uma química envolvente. O simples fato de vê-los juntos já coloca a série num patamar elevado.
Mas As Quatro Estações do Ano vai além do talento de seus intérpretes. A série aposta numa narrativa cíclica e contemplativa, dividida simbolicamente pelas estações do ano, para abordar a passagem do tempo nas relações humanas. Sem pressa, os episódios exploram os altos e baixos de casamentos, os silêncios entre amigos antigos e as inseguranças que surgem com o envelhecer. É um retrato sincero, mas ainda assim bem-humorado, da vida adulta.
Em meio a um mar de produções descartáveis, com roteiros apressados e personagens rasos, a série é um respiro. Ela lembra que o público do streaming também deseja histórias que provoquem identificação e reflexão. A boa recepção de Adolescência, outro raro exemplo recente de profundidade emocional, já havia sinalizado essa demanda. Agora, As Quatro Estações do Ano confirma que há espaço para conteúdo mais elaborado.
O mais curioso é que, ao investir em uma história simples e universal, a Netflix encontrou justamente o que parecia ter perdido: relevância cultural. A série não precisa de efeitos mirabolantes, grandes reviravoltas ou ganchos forçados. As Quatro Estações do Ano conquista pela honestidade e pela precisão emocional, algo que tem faltado em muitas das superproduções recentes do streaming.
Se quiser voltar a ser referência — não só em audiência, mas em qualidade — a Netflix precisa olhar com carinho para As Quatro Estações do Ano. A série é um lembrete de que o essencial continua funcionando: bons roteiros, bons atores e histórias que importam. E é exatamente isso que pode reconectar a plataforma com seu público.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É o foca da equipe e cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
Ver mais conteúdos de Victor CierroTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
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