Divulgação/Canal Brasil
Em entrevista à Tangerina, Leona Jhovs abre o coração sobre o acolhimento do set de Chuva Negra, série do Canal Brasil e do Globoplay
Leona Jhovs é diretora, roteirista e atriz, mas foi apenas em Chuva Negra, série do Canal Brasil e do Globoplay, que ela sentiu pela primeira vez que estava em um set realmente diverso. A atriz interpreta Micha, uma mulher trans que foi acolhida pela matriarca da família que protagoniza o drama e tem um papel fundamental na produção.
A história acompanha os irmãos Zeca (Marcos Pitombo) e Vitor (Rafael Primot) que, após o sumiço dos pais, interpretados por Julia Lemmertz e Zécarlos Machado, precisam cuidar do caçula da família, Lucas (João Simões), um adolescente de 16 anos com síndrome de Down.
Micha (Leona Jhovs) é fundamental para auxiliar os irmãos nessa jornada. Em entrevista à Tangerina, a atriz pontua como foi importante se sentir acolhida nos bastidores e como também teve a missão de acolher ao mesmo tempo.
“Nas obras de que eu fiz parte, eu sempre estava como o único corpo dissidente. E aí, chegar em um lugar onde o próprio protagonista tem outra dissidência, outra particularidade, eu comecei a ver essa alteração no set. Cada pessoa tem sua particularidade, e a atenção que as pessoas normativas dão para essa natureza é muito particular de cada pessoa”, afirma.
“Foi uma riqueza essa vivência. A questão do tempo do João [Simões, protagonista da série] foi muito especial de ver. Isso nos convoca a ter essa paciência, que devíamos ter sempre. É tão poderoso poder trabalhar, construir, dar atenção ao seu colega, que às vezes em um set normativo isso não acontece”, acrescenta.
Leona ainda acrescentou que, por ser uma mulher trans, às vezes tem toda a atenção voltada para ela de uma maneira que não gostaria. Por isso, estar em um set diverso foi importante para se sentir incluída com total naturalidade. “Tendo alguma dissidência, é possível que você passe por muitas ansiedades, porque as pessoas podem perguntar muito, você se torna o centro de uma atenção que não é legal. Como a produção, o elenco, todo mundo se preparou para receber o João e fez a lição de casa, foi muito gostoso e prazeroso assistir isso acontecer e fazer parte disso”, comenta.
Chuva Negra é uma série que se costura por meio das diversidades. Além de uma atriz trans e um protagonista com síndrome de Down, a atração explora relacionamentos homoafetivos e até traz um ator com nanismo no elenco, no papel de um advogado.
A construção de Micha como uma personagem complexa e que vai além das características que a divergem dos demais é algo que vem desde o roteiro até as intenções colocadas pela atriz para viver essa história da melhor maneira possível. “A Micha, em algum momento, foi acolhida pela Nancy [Julia Lemmertz]. No momento em que a Nancy parte e confia a casa, a família e os afetos da vida dela à Micha, ela acaba descobrindo um universo de uma mãezona, não só de um, mas de todos. Foi um processo bem bonito. Tudo está no roteiro, tudo está conectado”, pontua a atriz.
Chuva Negra está disponível na íntegra no Globoplay e é exibida todas as sextas-feiras, às 22h30, no Canal Brasil.
Giulianna Muneratto
Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.
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