Barraco de Família: Sem inovar, filme lembra comédia de Paulo Gustavo

Nesta quinta-feira (11), chega aos cinemas o novo filme nacional Barraco de Família. Estrelado por Cacau Protásio e Lellê, o longa usa e abusa de uma forma de comédia já conhecida, bem aceita e que gera identificação instantânea nos brasileiros. 

Na trama, Kellen (Lellê) é uma garota que cresceu na Zona Leste de São Paulo e busca uma carreira no funk. Para ganhar seu espaço, porém, ela briga feio com seus familiares e, quando os holofotes começam a cair sobre ela, a cantora acaba cancelada por causa de um vídeo polêmico vazado.

Para tentar contornar a situação, ela decide voltar às suas origens, mas arma o maior barraco e precisa da ajuda de sua mãe, Cleide (Cacau Protásio), para sair dessa situação e desenrolar sua carreira. 

Cleide é aquele tipo de mãe que lembra Dona Hermínia, personagem icônica de Paulo Gustavo (1978-2021) na trilogia Minha Mãe É Uma Peça. Ela é claramente a matriarca tradicional brasileira, daquelas que beiram o melodrama, mas que são guerreiras, sustentam a família emocional e financeiramente, e fazem de tudo pelos filhos. Ao juntar essas características ao seu jeito explosivo e expansivo, fica difícil não comparar as duas.

O ponto forte de Barraco de Família é ser um filme composto majoritariamente por personagens negros, e explorar tramas verossímeis de uma família classe C. Tudo, porém, é feito de forma totalmente natural –lutas raciais e sociais não são o foco no longa-metragem, mas se entrelaçam com as histórias de cada um dos personagens. 

O filme faz o espectador transitar por diversas emoções. Do riso ao choro, o longa dirigido por Maurício Eça explora a cultura do cancelamento, a importância dos laços familiares e a necessidade de respeitar e honrar suas raízes, dando valor ao que realmente importa na vida.

Barraco de Família, porém, peca ao se ancorar em caricaturas tão desgastadas pelo senso comum. Por mais que abrace abertamente uma fórmula que funciona na comédia nacional, era totalmente possível costurar essas histórias de um jeito que fugisse daquilo que é repetido à exaustão e que acaba ficando tão sem sal em determinados momentos. 

A comédia, porém, é bem-intencionada e tem um coração enorme. O potencial pode não ter sido tão explorado, mas ainda cabe como um entretenimento típico da Sessão da Tarde. E, claro, é um filme gostoso de assistir ao lado da família, que tem tudo para se enxergar em algumas cenas do longa.