Divulgação/Universal Studios
Longa estrelado por Dave Bautista e Jonathan Groff entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira; confira a opinião da Tangerina
Indicado a dois Oscars e responsável por títulos como O Sexto Sentido (1998), Corpo Fechado (2000) e Fragmentado (2016), M. Night Shyamalan é um dos diretores mais populares de Hollywood nas últimas décadas. Sua carreira é formada por grandes sucessos e longas muito criticados, o que deixa sua obra longe de ser uma unanimidade. Com Batem à Porta (2022), filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira (2), o jogo promete virar a favor do cineasta.
Descrito como um mestre do suspense, Shyamalan coleciona mais críticas do que elogios desde o lançamento de A Dama na Água (2006). Neste período, com exceções de Fragmentado e A Visita (2014), além de alguns episódios da série Servant (2019-2023), na qual atuou como produtor executivo, o diretor foi responsável por filmes que sofreram severas críticas, com ênfase para os dois últimos a chegarem aos cinemas: Vidro (2019) e Tempo (2021).
No caso de Batem à Porta, que marca o seu primeiro longa não original, Shyamalan demonstra ter amadurecido enquanto cineasta. As primeiras impressões que surgiram da crítica especializada norte-americana descrevem a obra como uma das melhores de sua carreira, e o resultado visto em cena é a prova de que, de fato, ele atingiu a excelência que há tanto buscava.
Abby Quinn, Nikki Amuka-Bird, Dave Bautista e Rupert Grint
Divulgação/Universal Studios
Inspirada no livro O Chalé no Fim do Mundo (2019), de Paul Tremblay, a trama segue uma família formada pelo casal homoafetivo Eric (Jonathan Groff) e Andrew (Ben Aldridge) e sua filha adotiva Wen (Kristen Cui), que decide deixar a cidade grande para passar um período de férias em uma cabana na floresta. O que era para ser uma época de descanso, no entanto, se torna um pesadelo para eles.
A chegada de um grupo de desconhecidos formado por Leonardo (Dave Bautista), Redmond (Rupert Grint), Sabrina (Nikki Amuka-Bird) e Ardiane (Abby Quinn) acaba com o sossego do trio. De forma passivo-agressiva, o quarteto surge na cabana com um pedido macabro: se a família não escolher um deles para se sacrificar, o mundo será engolido por grandes tragédias e o apocalipse acontecerá.
O suspense sobre o fim do mundo, revelado nos vários trailers divulgados previamente ao lançamento do filme, é apenas uma das várias camadas de Batem à Porta. A chegada do quarteto portando ferramentas mortais e invadindo a propriedade à força sugere que longa vai seguir um caminho de thriller sangrento, mas as surpresas criadas por Shyamalan mostram que a história da família é muito maior do que isso.
Wen (Kristen Cui) e Eric (Jonathan Groff)
Divulgação/Universal Studios
A força de Batem à Porta está no trio Eric, Andrew e Wen. Céticos quanto a “ameaça” trazida pelo grupo de Leornard, eles se recusam a aceitar que um deles precisa morrer para salvar a humanidade. É neste momento que Shyamalan traz ainda mais humanidade à narrativa, explora os medos causados pelo trauma da homofobia e coloca uma pulga atrás da orelha do espectador, que questiona se a história do grupo é verdade ou uma lorota absurda.
Mesmo que o quarteto force a sua entrada e capture a família feliz, o cineasta impõe sua visão para quebrar expectativas. Em Batem à Porta não há vilões de fato, um antagonista que foge à regra dos outros e tenta sobrepor a sua vontade. Todos os personagens são humanos com virtudes e falhas, sonhos e decepções. A ameaça apocalíptica conversa com a esperança nas pessoas e faz uma provocação: a humanidade merece ser salva? O sacrifício é válido?
Entre jogos de tensão e dramas comoventes, Shyamalan mescla gêneros com excelência e faz de Batem à Porta um de seus clássicos definitivos. Como é bom ver o cineasta de volta em sua melhor forma.
Batem à Porta
Trailer oficial legendado
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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