FILMES E SÉRIES

Zendaya como Chani e Timothée Chalamet como Paul Atreides em cena do filme Duna

Divulgação/Warner Bros.

Crítica

Grandiosa e impressionante, adaptação de Duna é evento imperdível

Com Zendaya e Timothée Chalamet, a nova adaptação da obra de Frank Herbert para os cinemas é apenas a primeira parte de uma nova franquia feita para atiçar os seus sentidos

Rafael Argemon
Rafael Argemon

O cinema de Denis Villeneuve pode ser descrito como fogos de artifício que queimam    lentamente. Lindíssimos visualmente e com um ritmo próprio, para apreciar com calma. E Duna, a ficção científica que recebeu dez indicações ao Oscar 2022, não é diferente.

Desde Polytechnique (2009), seu terceiro longa, Villeneuve vem consolidando um estilo calcado em cinco pilares: uma paleta de cores muito bem definida e tematicamente construída; a oposição entre mulheres obstinadas e homens comprometidos; trilhas sonoras atmosféricas; roteiros com algumas reviravoltas ousadas; e uma cinematografia quase voyeurística. E, de todos os seus projetos até hoje, nenhum se encaixou tão bem nessa sua cartilha quanto Duna.

Solene e grandiosa, a visão do diretor canadense cai como uma luva no processo de transposição à tela de uma obra tão monumental e rica em detalhes quanto a série de livros de Frank Herbert. Mas, como sempre, há um preço a se pagar por isso.

Como resumir algo dessa magnitude em 2h35 sem prejudicar o desenvolvimento de personagens? A solução foi pegar apenas uma parte do primeiro livro de uma saga de seis volumes. Isso acaba esvaziando o estofo de alguns em detrimento de outros. Quem sai ganhando é Timothée Chalamet como o “jovem messias” Paul Atreides, além de Rebecca Ferguson como sua mãe, Lady Jessica Atreides.

O resto do elenco, fartamente recheado de estrelas como Oscar Isaac, Jason Momoa, Stellan Skarsgård, Josh Brolin, Javier Bardem e Zendaya, se resume a aparições unidimensionais. Elas acabam tendo como único propósito — pelo menos até agora — facilitarem ou se oporem ao arco de desenvolvimento de Paul e de sua relação de aprendizado com a mãe.

Sorte de Chalamet, que tem o palco em perfeitas condições de temperatura e pressão para brilhar como o ainda hesitante líder.

Nova adaptação

No filme, o duque Leto Atreides (Oscar Isaac), regente do planeta Caladan, é designado pelo imperador para administrar o desértico planeta de Arrakis, que até pouco era explorado por outro clã nobre, os Harkonen. Duna, como é mais conhecido, é rico em uma substância valiosíssima chamada de especiaria, usada como combustível interestelar.

Acompanhando o duque Leto estão sua concubina, Lady Jessica (Fergunson), e seu filho Paul Atreides (Chalamet). Ela já fez parte de uma ordem religiosa chamada Bene Gesserit, que acredita que Paul está destinado a ser um tipo de escolhido de uma nova era. Uma profecia que pode se provar realidade nas areias desse novo planeta, um território extremamente hostil comandado por um povo do deserto, os Fremen.

E olha que isso é só um resumo do resumo da trama!  

Timothée Chalamet e Rebecca Ferguson em cena de Duna (2021)

Trailer de Duna (2021)

Denis Villeneuve faz nova adaptação do livro de Frank Herbert

O fato é que o cinema é uma arte de concessões. Se fosse uma série de TV, Villeneuve teria espaço para encorpar uma quantidade maior de protagonistas. Como aconteceu por exemplo em Game of Thrones, para lembrar outra saga baseada em uma série de livros com trama também complexa nas relações políticas e geográficas, além de cheia de personagens com muitas nuances.

Só que, se Duna fosse uma série, não contaria com o mesmo investimento financeiro de um grande estúdio, algo que influenciaria diretamente no escopo da ambientação. E é aí que está o ponto forte dessa versão cinematográfica.

Porque o filme é um espetáculo visual impressionante. Uma ópera espacial que estremece cada sentido da plateia.

Um espetáculo grandioso

Absolutamente tudo é grandioso, imenso. Da imagem ao som, nada é trivial. Tudo que é básico e simplista no roteiro extrapola todos os limites da imaginação em seu espetáculo cinemático.

Duna é um evento e como tal deve ser tratado. Ou seja, pode ser apenas a primeira parte de um filme e ser um tanto superficial, mas não vai te deixar indiferente. Se para o bem ou para o mal, não importa.

Só por atiçar nossos sentidos, Villeneuve já tem créditos suficientes para bancar uma segunda parte em que pode, finalmente, nos entregar uma obra mais densa como o material em que se baseia. Até lá, o negócio é relaxar e aproveitar o show.

Leva que tá doce! A fotografia é um desbunde. É daquelas produções para ver na maior tela possível, de preferência com um equipamento de som à altura. 

Dois pelo preço de um: Se você gostou deste filme, impossível deixar de pensar num épico do escopo de Senhor dos Anéis. 

Presta atenção, freguesia:  Na fantástica química não só entre Rebecca Ferguson e o protagonista, mas também entre ela e seu parceiro, Oscar Isaac.

Indicações ao Oscar 2022:

  • Melhor filme
  • Melhor roteiro adaptado
  • Melhor fotografia
  • Melhor edição
  • Melhor trilha sonora
  • Melhor cabelo e maquiagem
  • Melhor figurino
  • Melhor design de produção
  • Melhores efeitos especiais
  • Melhor som
Pôster do filme Duna, de Denis Villeneuve

Duna

Ficção Científica / Ação / Aventura / Drama
14

Direção

Denis Villeneuve

Produção

Warner Bros.

Onde assistir

HBO Max

Elenco

Timothée Chalamet
Rebecca Ferguson
Oscar Isaac
Zendaya
Jason Momoa
Stellan Skarsgård
Josh Brolin
Javier Bardem
Dave Bautista
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QUEM FEZ
Rafael Argemon

Rafael Argemon

Rafael Argemon é criador do perfil O Cara da Locadora no Instagram e também assina uma coluna com o mesmo nome na Tangerina, onde indica as pérolas escondidas nas plataformas de streaming. Cinéfilo e maratonador de séries profissional, passou por Estadão, R7, UOL, Time Out e Huffpost. Apaixonado por pugs, sagu e jogos do Mario.

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