Divulgação/Netflix
Com poucas inovações, a última temporada da série chega a sua segunda parte com uma nova ameaça
Depois de 11 anos, a temporada final de The Walking Dead teve início em 2021, mas com uma divisão que chega até a confundir os espectadores. A 11ª temporada está sendo exibida em três partes, cada uma com oito episódios. A primeira foi ao ar entre agosto e outubro de 2021. A segunda parte estreou agora, em 13 de fevereiro de 2022 e conclui em 10 de abril, com a parte final marcada para agosto de 2022, ainda sem dia exato definido.
Até a 10ª temporada você pode assistir pela Netflix, já a temporada atual está no Star+
Sofrendo os mais diversos contratempos durante anos, os sobreviventes do apocalipse zumbi seguem tentando criar uma comunidade segura e sustentável, mas sempre que tudo parece melhorar, uma nova ameaça chega para acabar com tudo.
A primeira parte da temporada final apresentou os Ceifadores, um grupo de ex militares que atentavam contra os sobreviventes. Não bastasse terem treinamento e armamento pesado, eles ainda eram fanáticos religiosos, acreditando terem sido escolhidos por Deus para sobreviver, em detrimento dos outros. Os Ceifadores causaram grandes perdas, mas seu arco narrativo terminou logo no começo da segunda parte da temporada.
The Walking Dead - Trailer 11ª temporada
A própria série que virou zumbi
Mal os Ceifadores saíram de cena e chegou outra comunidade para mexer com o status quo. Na verdade, Commonwealth é uma união de várias comunidades, formando uma nova civilização com mais de 50 mil habitantes. Dentro dos domínios da Commonwealth, parece que o mundo nunca viveu um apocalipse: as pessoas trabalham normalmente, a economia segue seu caminho natural e, logo se percebe, os ricos parecem estar tirando vantagem dos pobres.
Commonwealth entra em contato com Daryl (Norman Reedus), Maggie (Lauren Cohan) e de outra comunidade, a de Alexandria, com a proposta de se juntarem. Os personagens se dividem, mas um conflito parece inevitável, com um vislumbre de seis meses no futuro revelando uma disputa entre alguns dos protagonistas do programa.
Ainda que siga a já batida fórmula da nova comunidade que chega trazendo problemas, Commonwealth é um pouco diferente de suas antecessoras na série, primeiro por sua dimensão. Se realmente transformada em inimiga, se provaria um adversário impossível de ser vencido. Mas o que pesa mais na estrutura de Commonwealth é a retratação de um mundo mais ou menos normal, com todas as vantagens e desvantagens, ressaltando as diferenças sociais e econômicas em uma linha narrativa que reflete a vida real.
As lutas, a maquiagem e efeitos especiais dos zumbis, tudo isso continua muito bem-feito, com uma produção bem cuidadosa. O problema não é a qualidade, mas o fato de tudo isso ter se tornado extremamente tedioso depois de tantos anos mostrando as mesmas coisas acontecendo. E o entra e sai de personagens não ajuda em nada. Boa parte do elenco mais clássico do programa foi embora, e pouco novos personagens são desenvolvidos a fundo, resultando num elenco que não cria empatia com o público.
Maggie e Negan amassando zumbis.
Divulgação/Netflix
Com o final bem próximo, The Walking Dead ainda tem muitas pontas soltas, as principais sendo o sumiço de dois dos personagens mais importantes da saga: Rick Grimes (Andrew Lincoln) e Michonne (Danai Gurira). Rick ficou à beira da morte na nona temporada, quando foi levado embora por um grupo misterioso, sem o conhecimento de seus colegas, que acreditaram que ele morreu. Já Michonne foi embora na décima temporada, fazendo uma viagem em busca de armamentos, que foi expandida quando ela descobriu pistas sobre a sobrevivência de Rick.
Fora os recém inseridos elementos da Commonwealth, os episódios da última temporada exibidos até o momento deixaram pelo menos duas ameaças em potencial. A primeira é Leah Shaw (Lynn Collins), sobrevivente dos Ceifadores que tem assuntos mal resolvidos com Daryl e Maggie. A outra é Negan (Jeffrey Dean Morgan), ex inimigo transformado em aliado, que deixou o grupo para evitar um inevitável confronto com Maggie, que ainda não o perdoou pelo assassinato de Glenn, seu marido. Como Negan se tornou o personagem mais popular da série, é pouco provável que ele esteja ausente no clímax.
Começando com um grupo perambulando por um mundo tomado por zumbis, The Walking Dead logo mudou o ritmo da trama mostrando os sobreviventes tentando se fixar em algum lugar na esperança de construírem uma nova vida e terem segurança. Isso acabou virando um ciclo aparentemente sem fim, no qual os personagens conquistam seu espaço para logo serem atacados por outra comunidade e/ou uma horda gigantesca de mortos-vivos. O confronto é seguido então por um período de reconstrução ou de mudança para outra localidade, até que um ataque no mesmo padrão aconteça.
Depois de mais de uma década, a repetição teve seu custo. A série ainda é bastante popular, mas não alcança a mesma audiência dos primeiros anos, quando era presença corriqueira entre as mais assistidas do mundo.
Mas, além da repetição do tema, quais seriam os motivos? A enorme variedade de séries com o advento dos streamings com certeza teve seu peso na questão, mas é impossível não notar que The Walking Dead perdeu muitos de seus principais personagens e atores, o que sempre segurou boa parte do público, que foi criando afeição por eles.
Elenco da série derivada The Walking Dead: World Beyond em cartaz no Prime Video.
Divulgação/Prime Video
Por mais que The Walking Dead mostre claros sinais de desgaste, ainda tem milhares de fãs, que não ficarão órfãos com o fim da série. Ainda em 2015 foi lançada Fear the Walking Dead, série derivada que acompanha outro grupo de sobreviventes, porém tendo início nos primeiros dias da pandemia que causou o apocalipse zumbi. O programa ainda está no ar, no Prime Video, sem previsão de final, contando com diversas participações de personagens da série principal.
Já The Walking Dead: World Beyond teve duas temporadas entre 2020 e 2021, apresentando um grupo de adolescentes que viveu em segurança por dez anos, mas que agora precisa se aventurar no mundo tomado por mortos-vivos pela primeira vez.
Prevista para o segundo semestre de 2022, Tales of the Walking Dead já tem garantida uma primeira temporada de seis episódios que vão ao ar no canal americano AMC, e que virá para o Brasil com exclusividade para o Star+. Trata-se de uma antologia que abordará personagens diferentes a cada episódio, resgatando alguns das demais séries e introduzindo novos.
Seja qual for o final de The Walking Dead, dois personagens têm sua sobrevivência garantida: Daryl e Carol (Melissa McBride) terão sua própria série derivada em 2023. Contudo, o projeto mais aguardado está andando a passos de tartaruga. A saída de Andrew Lincoln da série principal veio com o anúncio de que seu Rick Grimes seria a estrela de uma trilogia de filmes que seriam exibidos no canal AMC e nos cinemas, com distribuição da Universal Pictures. O início da produção estava marcado para 2019, mas atrasos e a pandemia da Covid-19 pausaram os planos, que devem ser retomados em breve.
Enfim, The Walking Dead pode estar na reta final, mas a saga desse mundo de constante luta pela sobrevivência demonstra ter fôlego para pelo menos mais alguns anos.
Fim de feira: Personagens sem aprofundamento, roteiro manjado.
Dois pelo preço de um: curte cenários pós-apocalípticos? Vai curtir Sweet Tooth e The 100.
Presta atenção, freguesia: na maquiagem e feitos dos mortos-vivos, que às vezes escondem até homenagens a outras produções.
Leonardo Vicente Di Sessa
Leonardo Vicente Di Sessa é jornalista especializado em cultura geek desde 2001. Escreve para a revista Mundo dos Super-Heróis, fala sobre cinema, quadrinhos e séries em diversos veículos e está nos podcasts Fala, Animal e Mansão Wayne.
Ver mais conteúdos de Leonardo Vicente Di SessaTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
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