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KJ Apa, Camila Mendes, Cole Sprouse e Lili Reinhart em Riverdale

Divulgação/The CW

THE CW

TV que exibe Riverdale e The Flash é vendida nos EUA; e agora?

A rede The CW agora pertence à Nexstar, gigante no mercado de afiliadas dos EUA. Séries como All American e Kung Fu estão em risco

Luciano Guaraldo

A rede The CW, que exibe séries como Riverdale, The Flash e Superman & Lois, teve sua venda confirmada nesta segunda-feira (15). Depois de um período de transição, que deve se estender durante todo o trimestre, a TV será controlada pela Nexstar, gigante no mercado de afiliadas. Mas o que isso significa para nossas séries favoritas?

Bem, antes de prever o futuro da The CW, é necessário entender o seu passado. A rede foi lançada em 2006 em uma parceria da CBS (atualmente ligada à Paramount) e da Warner Bros. (que agora pertence à Warner Bros. Discovery).

Voltada para o público jovem, a TV nunca deu lucro com a venda dos intervalos de sua programação –o faturamento vinha com a venda dos direitos de exibição das séries para a Netflix, que desembolsou US$ 1 bilhão (R$ 5,12 bilhões) para poder disponibilizar as temporadas no streaming.

O modelo funcionava muito bem, assegurando até a renovação de séries fracassadas como Dinastia (2017-2022), que tinham pouquíssima audiência na TV mas se saíam melhor no streaming. Com o lançamento da HBO Max e do Paramount+, porém, tudo mudou.

Para executivos dos conglomerados de mídia que controlavam a The CW, não fazia sentido vender séries que iam bem no streaming para a concorrência, pois elas deveriam reforçar o catálogo de suas próprias plataformas. Assim, o acordo com a Netflix foi rompido, e as atrações da rede nanica migraram para HBO Max e Paramount+.

O que ninguém parece ter imaginado é que a negociação com a Netflix era a única maneira de a The CW dar lucro. Se você tira essa fonte de renda e joga suas séries para um streaming próprio, é necessário que um grande número de novos assinantes se juntem aos serviços para compensar o investimento. Não foi o que aconteceu.

De maneira resumida, a The CW deixou de ser financeiramente viável, e Warner Bros. Discovery e Paramount Global passaram a tentar vender a rede para quem estivesse interessado. Entrou em cena a Nexstar, que já controlava 37 afiliadas da rede pelos Estados Unidos, o equivalente a 32% do alcance nacional do grupo.

Antes mesmo de a venda ser oficializada, a The CW já havia dado indícios de que muita coisa ia mudar na sua gestão: neste ano, 10 séries foram canceladas de uma vez, inclusive queridinhas do público como Legends of Tomorrow (2016-2022) e Charmed (2018-2022). As próprias Flash e Riverdale foram renovadas para suas temporadas finais, encerrando uma era na TV.

Agora sob o comando da Nexstar, que terá 75% das ações da The CW (Paramount e Warner ficam com 12,5% cada), a TV provavelmente terá uma programação bem diferente. Se antes apenas séries produzidas pelos dois conglomerados de mídia eram adquiridas, agora a nova direção tem liberdade para comprar atrações de quem quiser.

Com isso, espere menos super-heróis da DC Comics (que pertence à Warner Bros. Discovery) e mais programas com uma pegada diferente daquela que o público se acostumou a ver. Talvez até a volta da The CW às comédias, gênero em que a rede não investia desde 2015, quando cancelou a flopada Significant Mother (2015).

E, se você é fã de séries como All American, Nancy Drew, Walker ou Kung Fu, já comece a se preparar para a despedida. Quanto mais tempo uma atração fica no ar, mais cara ela se torna. E a Nexstar não parece muito disposta a pagar caro por programas que não vão atrair um público novo.

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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