FILMES E SÉRIES

Liu Yifei em cena de Mulan, live-action da Disney

Divulgação/Walt Disney Pictures

Live-Action Sem Alma

Disney desperdiçou um de seus maiores potenciais 5 anos atrás

Mulan é lembrado mais pelas polêmicas do que pela grandiosidade que prometia

Victor Cierro
Victor Cierro

Mulan (2020) completa cinco anos nesta quinta-feira (4) e segue como um dos exemplos mais frustrantes da tendência da Disney de apostar em live-actions. O estúdio, que vem transformando seus maiores clássicos em versões de carne e osso, tinha em mãos talvez sua melhor chance de entregar uma adaptação grandiosa, com representatividade, ação épica e uma das histórias mais fortes do catálogo. Mas a oportunidade acabou desperdiçada.

A expectativa era alta. O conto da jovem guerreira que desafia tradições para proteger sua família parecia perfeito para ganhar vida em uma superprodução. No entanto, a versão de 2020 acabou marcada por polêmicas, escolhas criativas questionáveis e uma execução que desagradou tanto ao público quanto à crítica.

Entre os problemas mais citados estão a retirada de elementos que tornaram a animação de 1998 inesquecível. As músicas foram cortadas, o carismático dragão Mushu ficou de fora e o tom divertido da história foi substituído por uma narrativa considerada fria e sem alma. A protagonista também foi alvo de críticas: a Mulan de Liu Yifei foi apontada como uma heroína sem falhas, o que diminuiu a força de sua jornada.

Disney errou feio com Mulan

A produção da Disney ainda enfrentou forte rejeição por decisões políticas e culturais. A atriz principal foi criticada por apoiar publicamente a polícia de Hong Kong durante protestos democráticos, o que gerou o movimento #BoycottMulan. Além disso, parte das filmagens de Mulan aconteceu na região de Xinjiang, na China, conhecida pelas denúncias de campos de detenção de uigures, o que aumentou a pressão por boicotes.

No campo criativo, o longa falhou ao tentar agradar o público chinês. O visual foi acusado de usar referências históricas de forma superficial, com figurinos e maquiagens que não correspondiam às épocas retratadas. O uso do conceito de “chi” também foi visto como confuso, e a trama trouxe inconsistências, como a mudança repentina de postura da bruxa Xianniang.

Com tantos obstáculos, o desempenho foi fraco justamente na China, onde a Disney esperava conquistar seu maior mercado. A recepção negativa mostrou que o filme da Mulan não convenceu nem como homenagem cultural nem como superprodução de Hollywood.

Cinco anos depois, Mulan é lembrado mais pelas polêmicas do que pela grandiosidade que prometia. Em vez de se firmar como o ápice da fase de adaptações da Disney, tornou-se um alerta de como o estúdio pode desperdiçar histórias poderosas quando aposta apenas no peso da nostalgia.

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Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.

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