FILMES E SÉRIES

Clarice Falcão na série Eleita

Laura Campanella/Prime Video

CRÍTICA

Eleita: Prime Video causa risos nervosos ao fazer circo na política

Ao viver candidata incompetente que é eleita a cargo público para o qual é inapta, Clarice Falcão tenta divertir com situação familiar demais

Luciano Guaraldo

Se a política atual não tem dado muitos motivos para o brasileiro sorrir, a série nacional Eleita tenta mudar o jogo ao exagerar a realidade. E, embora a vida real tenha atropelado a ficção em muitos momentos, a comédia criada e estrelada por Clarice Falcão acerta ao transformar o cenário eleitoral em um circo. É impossível assistir à atração e não soltar pelo menos um riso –mesmo que de nervoso.

Clarice Falcão interpreta Fefê, uma influenciadora digital que decide se lançar candidata a governadora apenas pela zoeira, mas acaba eleita. Sem fazer ideia de quais as funções ou as exigências do cargo, ela entra em pânico com a possibilidade de fracassar –mais pelo medo de ser odiada do que pelas consequências reais de suas ações.

A trama poderia se basear em uma só piada e repeti-la à exaustão –Fefê não entende de política, comete alguma gafe e tenta consertar seu erro, apenas para entrar no mesmo ciclo no episódio seguinte. Isso até acontece, mas Eleita quebra a expectativa quando mergulha nos outros personagens. Especialmente em Nanda (Bella Camero), a melhor amiga da protagonista, que precisa ser mais explorada na segunda temporada –caso Eleita seja renovada.

A própria Clarice Falcão definiu, em entrevista de apresentação da série da qual a Tangerina participou, que a principal história de amor da série é entre Fefê e Nanda –e não entre a governadora e sua “primeira-dama”, papel de Rafael Delgado. E o relacionamento das amigas é abalado por três motivos: Nanda não votou em Fefê, não acredita que ela seja capaz de governar o Estado e está de mudança para São Paulo –a última é a maior das traições na opinião da influencer.

É nos momentos que mostram outros lados de Fefê além de sua incapacidade política que Eleita foge do lugar-comum e traz mais camadas para uma personagem que poderia ser completamente odiada pelo público por causa de seu jeito totalmente desligado. Uma pena, no entanto, que eles sejam minoria no decorrer dos episódios.

Não que ver uma governante cometer trapalhadas e ser totalmente inapta para o cargo que ocupa seja sem graça. É que, no atual panorama brasileiro, a situação parece real demais para divertir o público sem a lembrança de que temos gente tão ruim quanto Fefê fora da ficção –e que suas trapalhadas na vida real têm consequências bem dramáticas para todo mundo.

A primeira temporada de Eleita já está disponível no Prime Video. Além de Clarice, Bella e Rafael, o elenco conta com Diogo Vilela, Polly Marinho, Luciana Paes, Felipe Veloso, Pablo Pêgas e Diogo Defante, além de participações especiais de Ingrid Guimarães, Cristina Pereira, Estevam Nabote e Luis Lobianco.

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QUEM FEZ

Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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