Divulgação/Apple TV+
Filme histórico com Will Smith se agarra demais ao entretenimento e, apesar de comovente, é um longa que não convence
Nesta sexta-feira (9), chega ao Apple TV+ o aguardado longa Emancipation: Uma História de Liberdade. Primeiro filme estrelado por Will Smith após a polêmica do tapa em Chris Rock durante a cerimônia do Oscar, a produção poderia ser a grande chance de redenção do astro de Hollywood, mas deixa a desejar.
Dirigido por Antonie Fuqua, o longa conta a história de Peter (Will Smith), um homem escravizado que foge e atravessa os pântanos de Louisiana, nos Estados Unidos, em uma dura jornada para escapar dos proprietários de lavouras que quase o assassinaram. Em busca de sua liberdade, ele se agarra ao amor por sua família e em sua fé inabalável para escapar da escravidão.
O filme conta a história real de Whipped Peter, uma figura central da história norte-americana que teve suas fotos de cicatrizes amplamente divulgadas em 1863. A narrativa parte de uma retratação fictícia de sua fuga.
Com cheiro de Oscar, o filme parece ter sido construído pensando exatamente na premiação –o que, de primeira impressão, pode ter sido um erro do diretor. Apesar de uma performance brilhante de Will Smith, o longa é cansativo e repetitivo, e acaba se agarrando a clichês desnecessários.
Para engrandecer a figura de Peter, Fuqua coloca Will Smith contra a natureza em algumas cenas que chegam a beirar o absurdo. Batalhas contra jacarés, cobras e outros animais perigosos são uma parte da narrativa que funciona como mero entretenimento, enquanto a entrada do protagonista na Guerra Civil (1861-1865) acaba carecendo de direcionamento, apesar da sangrenta violência representada.
Uma das grandes falhas talvez seja o fato de que o personagem principal é heroificado absolutamente o tempo todo. Em vez de um drama histórico, as constantes cenas de lutas exageradas e salvamentos dão a impressão de um certo exagero e não colocam Peter no lugar de um homem comum na luta pela sobrevivência, o que talvez poderia ter deixado a narrativa mais verossímil.
Ainda assim, o filme comove e consegue prender em determinados momentos. A visão crua dos acontecimentos parece ter sido propositalmente abordada para chocar, já que a época que retrata é de tamanha infelicidade que chega a ser necessário levar isso ao público. Porém, Emancipation é um longa que se agarra a nuances que já foram retratadas em tantos outros filmes, até alguns que já concorreram ao Oscar.
A condução do longa-metragem fica 100% nas mãos de Will Smith, que dá ao personagem o calor necessário para que ele construa sua narrativa de busca pela liberdade. Por se concentrar demais no entretenimento, o filme tropeça ao deixar de lado a parte mais realista, que por vezes é o que o público busca ao assisti-lo.
Giulianna Muneratto
Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.
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