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Fervo é um longa-metragem extremamente bem intencionado, mas que peca no timing cômico e deixa a desejar
Nesta quinta-feira (19), estreia nos cinemas nacionais a comédia Fervo. Dirigido por Felipe Joffily (E aí, Comeu?) e roteirizado por Thiago Gadelha (Tá no Ar), o longa é daqueles que consegue guiar o espectador pelos mais diversos sentimentos: da vergonha ao riso, com uma pitada de emoção coroada com importantes lições sobre a vida.
A história acompanha um casal de arquitetos, Leo (Felipe Abib) e Marina (Georgiana Góes), que compra uma casa abandonada que tinha sido uma boate LGBTQIA+ no passado. Porém, Leo descobre que três fantasmas, Mo Nanji Manhattan, Diego e Lara (Rita Von Hunty, Gabriel Godoy e Renata Gaspar), ainda moram no local e têm questões mal resolvidas nesse plano.
Por isso, ele chama um sensitivo da internet –o engraçadíssimo Paulo Vieira— para desvendar o mistério e tentar ajudá-los a resolver suas dívidas com a Morte, que é interpretada pela lendária Joana Fomm.
Longe de ser perfeito, o filme é cheio de boas intenções. A mensagem é bonita e convincente, apesar de o texto ter falhas grandes nas cenas de humor. Alguns momentos, como a intromissão dos pais de Leo no relacionamento do casal, com direito à dancinha, chegam a ser completamente vergonhosos (e até desnecessários), enquanto outros até parecem se encaixar na trama, mas ainda assim não causam a reação esperada.
Uma questão que parece completamente jogada é a sexualidade de Leo, que, em meio às pegadinhas dos fantasmas, se questiona sobre ser gay e até pensa em beijar um amigo para tirar a prova. Porém, isso é abordado de maneira tão supérflua que até cai no esquecimento e não fez diferença alguma para a trama. A intenção da narrativa não é ser especificamente focada nos personagens queer, mas amarrar o momento faria uma diferença enorme para o roteiro e certamente seria um ponto forte do filme.
Apesar disso, a inclusão completamente natural de personagens LGBTQIA+ ainda é uma das partes incríveis de Fervo, bem como as cenas mais emotivas. De repente, o longa-metragem até serviria melhor como um drama do que como uma comédia, quem sabe?
Fervo engata com mais força na segunda metade, já que a primeira parece um atropelado de acontecimentos. As missões dos fantasmas, com a necessidade da urgência por parte deles, prendem o espectador e fazem com que ele ganhe simpatia pelos personagens e, de fato, torça por eles.
Inclusive, é difícil não se emocionar com Paulo Vieira contracenando com Tonico Pereira e Suely Franco. Em uma cena específica e muito tocante, os três se confirmam como gigantes do audiovisual brasileiro.
Apesar do timing cômico questionável, Fervo é um filme que abraça pela sensibilidade. Com uma trama acelerada, ele cumpre seu papel de filme típico de Sessão da Tarde, consegue tirar algumas risadas, mas impressiona e surpreende na emoção –o que talvez o faça valer a pena.
Giulianna Muneratto
Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.
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