(Foto: Divulgação/Netflix)
O resultado é um cientista que parece existir entre dois mundos: a tradição e o espetáculo
O novo Frankenstein de Guillermo del Toro chegou à Netflix com uma proposta que foge completamente da estética clássica vitoriana tradicional. Com Oscar Isaac no papel de Victor Frankenstein e Jacob Elordi como a Criatura, o filme traz um visual que chama atenção logo nos primeiros minutos. E isso não é por acaso. A figurinista Kate Hawley revelou em entrevista à Variety que David Bowie (1947-2016) e Prince (1958-2016) foram inspirações diretas na construção da aparência dos personagens, trazendo ao longa uma estética glam, moderna e inesperada.
Segundo Hawley, havia um receio inicial por se tratar de uma obra marcada por referências profundas na literatura e na cultura pop, mas del Toro deixou claro desde o começo que queria algo maior e mais ousado. O diretor não buscava um filme cheio de cartolas pretas e rigidez histórica. Em vez disso, ele pediu um visual com sensibilidade contemporânea, misturando o imaginário da época de Mary Shelley com traços de figuras musicais icônicas do século 20.
Oscar Isaac teria inclusive mencionado Prince durante as conversas sobre seu personagem, enquanto Hawley estudava imagens e fases diferentes da carreira de Bowie. A intenção era criar um Victor Frankenstein que tivesse inquietação, ego e brilho, sem perder o peso trágico da história. O resultado é um cientista que parece existir entre dois mundos: a tradição e o espetáculo, o gótico e o glam.
Frankenstein Oscar Isaac em cena de Frankenstein
(Foto: Divulgação/Netflix)
A abordagem também afetou a construção da Criatura de Jacob Elordi, que surge com traços sutis de teatralidade e presença cênica, quase como uma performance emocional contínua. O visual reforça que a Criatura não é apenas um monstro trágico, mas um ser consciente de sua forma e de sua existência. Quanto mais ele tenta entender quem é, mais o figurino dialoga com essa busca identitária.
A recepção mostra que o risco valeu a pena. Frankenstein estreou com 85% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes, enquanto o público chegou a 95%. Os elogios se concentram especialmente na direção de arte, na fotografia e nos figurinos, elementos que, segundo a crítica, ajudam a transformar a história que já conhecemos em algo visualmente novo e envolvente.
Com a força visual e o impacto imediato nas discussões online, Frankenstein já começa a surgir como possível destaque na temporada de premiações, principalmente em categorias como figurino e direção de arte. Caso isso aconteça, o glam rock de Bowie e Prince não terá apenas inspirado o filme, mas também ajudado a moldar um dos trabalhos estéticos mais comentados do ano.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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