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Christian Bale em cena de Batman: O Cavaleiro das Trevas; quadrinho do herói tem sido impulsionado pela Geração Z

(Foto: Divulgação/Warner Bros.)

Quadrinhos

Geração Z salva os super-heróis que Hollywood deixou morrer

A Geração Z, muitas vezes acusada de “matar indústrias”, agora está fazendo o oposto com os quadrinhos

Victor Cierro
Victor Cierro

Durante anos, Hollywood tentou reinventar os super-heróis de todas as formas possíveis — reboots, multiversos, spin-offs, crossovers e até versões mais “realistas” ou “adultas” das histórias. Mas, em 2025, o verdadeiro renascimento do gênero não veio das telas. Ele veio das páginas. Ou melhor: das mãos da Geração Z, que está devolvendo a força e a relevância aos quadrinhos de Marvel e DC como não se via há mais de uma década.

Depois de um período em que o mercado parecia à beira do colapso, com lojas fechando e o público cansado de enredos repetitivos, os quadrinhos voltaram a crescer — e rápido. Dados apresentados na New York Comic Con revelaram um aumento de 27% nas vendas em 2025, impulsionado principalmente por jovens de 15 a 24 anos. É o tipo de público que Hollywood vinha tentando reconquistar no cinema, mas que encontrou nos gibis um espaço mais autêntico e acessível.

A mudança não aconteceu por acaso. Marvel e DC perceberam que as tramas antigas, com décadas de continuidade, afastavam novos leitores. Para resolver isso, lançaram universos reformulados — o Ultimate Universe, no caso da Marvel, e o Absolute Universe, da DC. As novas linhas editoriais funcionam como pontos de partida limpos, sem a necessidade de ler anos de histórias anteriores, permitindo que qualquer um mergulhe direto na ação.

Robert Downey Jr. em cena de Homem de Ferro, da Marvel

Robert Downey Jr. em cena de Homem de Ferro

(Foto: Divulgação/Marvel Studios)

Geração Z e os quadrinhos

O resultado foi imediato. Jovens que cresceram cercados de adaptações no cinema finalmente decidiram conhecer as versões originais dos heróis, agora em histórias com linguagem mais moderna, temas atuais e narrativas mais inclusivas. Lojas especializadas relatam um aumento inédito na presença de leitores da Geração Z, que transformaram o hobby em um fenômeno social — compartilhando coleções, teorias e indicações nas redes.

Segundo o empresário Milton Griepp, os dados da plataforma ComicHub comprovam o crescimento: “Os números de 2025 mostram o maior salto nas vendas de quadrinhos desde os anos 2010.” Já especialistas do podcast Comic Industry Insiders confirmam que algumas lojas registraram alta de até 40%, reforçando que o renascimento é real — ainda que desigual entre regiões.

Enquanto Hollywood tenta entender por que o público se cansou de filmes de super-heróis, os quadrinhos mostram o caminho que sempre funcionou: boas histórias, personagens cativantes e liberdade criativa. A diferença é que agora quem está no comando não são executivos de estúdio, e sim uma nova geração de leitores que cresceu vendo esses heróis nas telas — e decidiu salvá-los de volta às páginas.

A Geração Z, muitas vezes acusada de “matar indústrias”, agora está fazendo o oposto: revivendo uma das formas mais clássicas de contar histórias. E, ironicamente, está ensinando à própria Hollywood como resgatar o espírito dos super-heróis — algo que os filmes há muito tempo pareciam ter esquecido.

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Victor Cierro

Victor Cierro

Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.

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