FILMES E SÉRIES

Jamie Lee Curtis em cena de Halloween

(Foto: Divulgação/Compass International Pictures)

Aniversário

Halloween faz 47 anos e continua mais interessante que a concorrência

Reassistir o filme de terror é observar como o cinema pode ser poderoso com poucos recursos, desde que haja controle absoluto sobre tom

Victor Cierro
Victor Cierro

Lançado em 25 de outubro de 1978, Halloween não é apenas um símbolo da temporada de terror — é um marco na história do cinema. Quase meio século depois, o longa de John Carpenter continua sendo referência para cineastas, estudo obrigatório em cursos de roteiro e um dos pilares do subgênero slasher. Mesmo com o passar das décadas, o filme permanece relevante e estudado exatamente porque sua força está na simplicidade: menos explicações, mais atmosfera.

O sucesso foi tanto que transformou Michael Myers em uma das figuras mais reconhecíveis da cultura pop — a máscara branca e o movimento silencioso do personagem se tornaram ícones instantâneos. Ao contrário de muitos títulos modernos, que apostam em violência gráfica e sustos fáceis, Halloween constrói tensão a partir da direção e do som.

Carpenter usa câmera subjetiva, planos longos e uma trilha minimalista que se repete como uma pulsação. É um terror que não está preocupado em mostrar o monstro o tempo todo, mas em fazer o público sentir que ele pode estar em qualquer canto — o medo nasce do espaço vazio e do silêncio.

Outro elemento importante é a presença de Laurie Strode, interpretada por Jamie Lee Curtis. A personagem ajudou a estabelecer o arquétipo da “final girl” no cinema de horror, mas sempre fugindo da caricatura. Laurie não é uma heroína invencível, e é justamente sua vulnerabilidade que faz o espectador acompanhar cada movimento e torcer pela sua sobrevivência. Até hoje, Curtis e Laurie são inseparáveis na memória cultural.

Halloween é o ápice do terror

O impacto crítico também é sólido. Halloween tem 97% de aprovação no Rotten Tomatoes e 89% de aprovação do público, mostrando que sua força não se perdeu com o tempo. Em 2006, o filme foi selecionado para preservação no National Film Registry, nos Estados Unidos, reconhecimento dado apenas a obras consideradas “cultural, histórica ou esteticamente significativas”.

Quase 50 anos depois, muitas produções de terror tentam replicar a fórmula, mas poucas conseguem alcançar o mesmo equilíbrio entre suspense, narrativa enxuta e atmosfera opressiva. Halloween não precisa de explicações sobre a origem do mal, nem de reviravoltas mirabolantes. O que o torna tão interessante até hoje é justamente a sugestão do inexplicável: Michael Myers é assustador porque não existe explicação definitiva para ele.

Reassistir Halloween hoje é observar como o cinema pode ser poderoso com poucos recursos, desde que haja controle absoluto sobre tom, ritmo e construção de medo. E talvez seja por isso que, após 47 anos, ele ainda seja mais interessante que muitos filmes recentes, que apostam mais no barulho do que na inquietação.

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QUEM FEZ
Victor Cierro

Victor Cierro

Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.

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