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Imagem de Kaguya-sama: Love is War

Divulgação/A-1 Pictures

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Kaguya-sama voltou: Conheça a comédia romântica que conquistou otakus

Terceira temporada dá sequência à história de um dos casais favoritos dos animes nos últimos anos

Laura Gasseruto
Laura Gasseruto

Estreia nesta sexta-feira (8) a terceira temporada de Kaguya-sama: Love is War, a adaptação em anime do mangá homônimo de Aka Akasaka, ainda em publicação no Japão.

Quem já teve contato com animes ou mangás abordando romance deve estar acostumado com o famoso chove-não-molha, séries nas quais os personagens chegam no ponto em que claramente se gostam, mas têm vergonha de se declarar por algum motivo.

Geralmente, esse tipo de série inclui um ou uma protagonista bastante tímido(a) e um ou uma senpai (veterano/a) mais “padrãozinho” – e daí surgem muitas frases-comuns do meio otaku, como o “por favor, senpai me note”.

Um dos motivos do sucesso de Kaguya-sama é certamente a brincadeira com esse clichê. A trama traz, sim, dois personagens que não querem se declarar, mas não por timidez ou medo, e sim por teimosia.

Cena de Kaguya-sama: Love is War Temporada 3

Trailer de Kaguya-sama: Love is war

Anime chega a sua terceira temporada na Crunchyroll

Os protagonistas de Kaguya-sama

Seja por orgulho, talvez misturado com alguma dose de insegurança, ou algo do tipo, Kaguya Shinomiya e Miyuki Shirogane —os melhores alunos da escola de ponta onde estudam— não querem largar o osso. Eles possivelmente já sabem até mesmo que é recíproco, mas o objetivo de um é fazer o outro se declarar. 

Então, começa uma silenciosa guerra psicológica de planos mirabolantes ou improvisados para forçar uma declaração de amor da outra parte, e quem o fizer primeiro será o “perdedor”. Essa “guerra”, inclusive, é desconhecida por seus colegas. E aqui fica boa parte da graça da série, e o pano de manga para uma série de situações cômicas e absurdas, principalmente quando os protagonistas estão rodeados por personagens alheios ao “conflito” entre eles.

Os dois protagonistas representam opostos: Kaguya é filha do dono de um dos maiores conglomerados do Japão, e Miyuki é um estudante pobre e esforçado que entrou na Academia Shuchiin, a escola da elite japonesa, por meio de uma bolsa conquistada com muito suor.

Cena de Kaguya-sama: Love is war

Kaguya e Miyuki formam um casal orgulhoso demais para admitir que estão apixionados

Divulgação/Crunchyroll

Miyuki e Kaguya fazem parte do Conselho Estudantil da escola, algo relativamente similar ao nosso conceito de grêmio estudantil. Miyuki é o presidente, algo que ressalta seu sucesso acadêmico apesar de sua origem fora da elite, e Kaguya é a vice-presidente.

Também participam da histórias outros integrantes do Conselho, o palco de boa parte da narrativa: a secretária Chika Fujiwara, o tesoureiro Yu Ishigami, e Miko Iino, que eventualmente entra como auditora. Temos também a presença de Ai Hayasaka, uma assistente pessoal de Kaguya e também aluna da escola, mas que não participa desse ambiente de conselheiros. O motivo? Assistam para saber.

Inspiração em conto clássico

Se alguém já ouviu falar no Conto da Princesa Kaguya (ou o Conto do Cortador de Bambu) e notou os nomes iguais, acertou em cheio: a história tem certa inspiração nessa lenda japonesa. Nesse conto, pobre de cortador de bambu encontra uma garota dentro do caule de um bambu, e a adota junto com sua esposa.

Conforme criava a menina, o velho encontrava várias moedas de ouro dentro de bambus, e assim se tornou rico na região. A jovem Kaguya, ou Kaguya-hime (princesa Kaguya, em japonês), vai crescendo e a cada dia fica mais bonita, então seus pais adotivos passam a mantê-la no quarto para protegê-la.

Contudo, quando ela vira adulta, a passagem é celebrada com uma grande festa, e daqui em diante, Kaguya passa também a receber pedidos de diversos pretendentes.

Cena de O Conto da Princesa Kaguya

O Conto da Princesa Kaguya é clássico da literatura japonesa que já virou anime do Studio Ghibli

Divulgação/Studio Ghibli

Por certa insistência dos pais, ela decide que irá se casar, mas apenas com quem trouxer os presentes que deseja: três relíquias quase impossíveis de conseguir. Como ninguém conseguiu os presentes, a princesa Kaguya permanece com seus pais.

Acontece que a história chega até os ouvidos do imperador do Japão, que fica bastante curioso com o caso e envia uma servidora imperial para conhecer a jovem, mas Kaguya se recusa a recebê-la. O imperador então ordena que Kaguya seja enviada à corte pelos pais, mas ela se mantém firme e não vai.

Por fim, o imperador decide ir conhecer a garota. Mas quando ele a vê, ela tenta fugir e desaparece misteriosamente. Percebendo que não se trata de uma pessoa comum, o imperador a deixa em paz, mas começa a trocar cartas com ela, embora Kaguya sempre recusasse qualquer cortejo. 

Um dia, no entanto, Kaguya é buscada por uma carruagem celeste, e volta para sua terra natal, na Lua, deixando seus pais terrestres em lágrimas. O dinheiro que o velho recebera era uma espécie de salário enviado pelo povo da Lua por cuidar da jovem. Os pertences de Kaguya foram queimados na montanha mais alta do Japão, o ponto mais próximo do céu, o Monte Fuji (o nome viria de 不死, “fushi” ou “fuji”, que significa “imortalidade”). E esse é o fim do conto.

Imagem do mangá de Kaguya-sama

Reprodução/Shueisha

A ideia do mangaká era fazer uma “versão moderna” dessa história —com muitas, mas muitas diferenças, então não espere uma espécie de “paráfrase contemporânea” evidente do conto, é mais como se ele funcionasse como ponto de partida, e uma fonte de referências. Por exemplo, a protagonista, Kaguya, é apresentada como uma pessoa fria e pouco interessada em romance, a forma como Akasaka interpreta o jeito da Kaguya-hime de dispensar seus pretendentes com missões impossíveis.

Mas, diferente da lenda, Kaguya Shinomiya não tem uma relação muito amistosa com sua família, principalmente com o seu pai (se bem que, se formos analisar, os “pais” da Kaguya-hime são na verdade adotivos, e a “Kaguya-sama” se dá bem com a pessoa que a amamentou e educou até certa idade, a mãe da Hayasaka).

De qualquer modo, quando a trama começa a focar no desenvolvimento dos personagens e da relação entre Kaguya e Miyuki, vemos outra face desses dois personagens calculistas e aparentemente orgulhosos, e eles se afastam ainda mais de arquétipos presentes no conto.

Onde assistir

O mangá possui atualmente 25 volumes no Japão, e é publicado no Brasil pela editora Panini, que ainda não alcançou a versão japonesa. Mas os 24 episódios referentes às duas primeiras fases cobrem até o volume nove, não chegando nem na metade da história original, que deve estar na sua reta final no Japão.

A primeira temporada de Kaguya-sama saiu por aqui pela Crunchyroll de forma simultânea em 2019, mas a segunda, apesar de lançada no Japão no começo de 2020, só veio para cá depois da chegada da Funimation, que eventualmente colocou as duas fases dubladas no catálogo. 

Hoje a série se encontra completa e dublada também na Crunchyroll, que traz os novos episódios, apenas legendados, ao menos por enquanto.

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QUEM FEZ
Laura Gasseruto

Laura Gasseruto

Laura "Gasseruto" é formada em Psicologia e escreve no Tangerina sobre cultura pop japonesa, assunto sobre o qual também pesquisa no mestrado. Infelizmente, é fã de Cavaleiros do Zodíaco até hoje, mas jura que tem bom gosto para animês. Também escreve no JBox.

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