FILMES E SÉRIES

Gustavo Coelho e Liniker na série Manhãs de Setembro

Divulgação/Amazon Prime Video

MANHÃS DE SETEMBRO

Liniker revela desejo após série: ‘Acende a vontade de ser mãe’

Em entrevista, artista contou que Manhãs de Setembro fortaleceu a vontade que já tinha de ter filhos e falou de momentos fortes da atração

Giulianna Muneratto

Liniker volta à pele de Cassandra nesta sexta-feira (23), com a estreia da segunda temporada de Manhãs de Setembro no Prime Video. Os novos episódios retratam a personagem tentando entender melhor sua relação com o filho, Gersinho (Gustavo Coelho), e até um reencontro com o pai Lourenço (Seu Jorge), que a abala profundamente.

Cassandra, que é uma mulher trans, se vê no meio de um turbilhão de emoções com os rumos que sua jornada toma diante das novas descobertas. Seu dilema é equilibrar a tão sonhada independência com a chegada de uma criança em sua vida –que, na primeira temporada, a deixou totalmente desconsertada, mas que agora tem feitos progressos nessa relação tão complexa.

“A Cassandra parte de um ponto de vista do que se diz impossível, no que se refere a uma mulher trans e a toda a violência que a gente atravessa no dia a dia só para tentar existir. Quando vem o ‘plus’ de um filho à procura de um pai, encontrando uma mãe, eu acho que é aí onde o negócio se transforma”, explicou Liniker em entrevista da qual a Tangerina participou.

A atriz conta que, para poder mergulhar na questão da maternidade, precisou se debruçar sobre o próprio passado e compreender a relação com sua família. “Eu queria entender a minha mãe, que me criou sozinha, o meu pai que me abandonou quando eu era criança, e ao mesmo tempo como essa personagem poderia colaborar com o crescimento do Gersinho, mas também entendendo essa necessidade da Cassandra de construir aquele espaço que ela estava acessando pela primeira vez, que é a independência”, afirmou.

Esse aprofundamento nas relações despertou ainda mais em Liniker um desejo que já era antigo. “As coisas mais bonitas que essa série me acende enquanto atriz é essa vontade de criar, essa vontade de ser mãe, essa vontade de, a partir de um afeto, se ver transformada”, revelou.

“É isso o que compomos na segunda temporada, a transformação da Cassandra. Foi muito bonito esse processo de ver as mães que já são mães no set, e conversar com elas, e me ver também nesse processo de querer gerar.”

A representação da transfobia

Manhãs de Setembro também traz à tona as dores vivenciadas diariamente por uma pessoa trans e, na segunda temporada, a trama já dá um soco no estômago do espectador logo no primeiro episódio. 

De volta à sua cidade natal no Paraná, Cassandra se depara com um ex-colega de escola que a insulta de maneira cruel. A personagem, porém, não deixa barato e libera os insultos para se defender. 

Ao lado de Leide (Karine Teles), as duas saem arrancando com o carro enquanto xingam de volta o homem transfóbico. Liniker contou que a cena, apesar de libertadora, foi extremamente difícil de gravar. “Sou grata por ter tido a Karine como companheira nessa cena, porque a transfobia, para quem não vive, e o meu corpo atravessa isso todo dia, é um lugar extremamente violento, que às vezes a gente silencia sozinha”, desabafa a atriz.

“A escolha para se silenciar às vezes é para que a violência não aumente –aí você pode ser morta ou ainda mais violentada. Essa é uma cena em que a Cassandra teve que atravessar o Paraná inteiro para chegar na cidade dela e, de repente, encontra aquele cara em um dia que ela e a Leide estavam apaziguadas.”

O diretor Luís Pinheiro ainda contou na coletiva que a cena impactante foi gravada em uma tomada única, o que a deixou ainda mais forte. “É um momento em que as personagens, além de irem para o embate juntas e de a Leide entender pela primeira vez qual é o contexto que a Cassandra está falando o tempo inteiro do porquê que ela precisa ser respeitada, é o momento em que a Cassandra age sabendo que não está sozinha”, disse Liniker.

A artista falou da importância da cena como um todo e como poder se defender naquele momento representou uma espécie de vingança contra a violência sofrida diariamente não só por Cassandra, mas também pela própria Liniker. 

“A pior coisa da transfobia é você sofrer a violência e ainda ter que educar. Não tem dor maior para mim do que já ser um corpo que está passando por várias coisas horríveis e ainda ter que falar para a pessoa por que ela não deve ser transfóbica. Claro que a educação é um lugar de grandeza, um lugar em que a gente ensina, mas muitas vezes essa responsabilidade fica muito atrelada à nossa própria alcunha, quando outras pessoas também podem se relacionar com isso e nos defender”, acrescentou a atriz. “Essa cena deu um elo muito importante para a série e dá voz para uma personagem e para um tanto de gente que está cansada de ser silenciada.”

A segunda temporada de Manhãs de Setembro tem seis episódios e já está disponível exclusivamente no Prime Video.

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QUEM FEZ

Giulianna Muneratto

Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.

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