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Filme de Anita Rocha da Silveira explora o terror com uma realidade nem tão distópica assim; leia a crítica da Tangerina na íntegra
Nesta quinta-feira (16), chega aos cinemas brasileiros o filme Medusa. Dirigido por Anita Rocha da Silveira, o longa-metragem explora o gênero do terror de maneira certeira e leva ao público discussões profundas sobre machismo, racismo e hipocrisia religiosa.
A trama apresenta mulheres jovens, que durante o dia cantam na igreja, adoram a Deus e se envolvem em atividades eclesiásticas. À noite, elas se revelam um grupo violento quando vestem máscaras e saem às ruas para atacar outras mulheres que não vivem a fé de sua religião na prática, condenando aquelas que se divertem e desfrutam de uma liberdade –principalmente sexual.
Porém, quando um desses ataques dá errado, a protagonista Mariana (Mari Oliveira) começa a perceber que a vida não é bem isso que ela aprendeu com suas vivências religiosas.
Anita faz um trabalho brilhante de transformar a crítica social em fábula. Apesar de alguns clichês característicos do terror, Medusa é um filme ousado, que se ancora em um mito conhecido da mulher punida por Atena, a deusa virgem, por não ser mais pura.
Medusa não é o filme que você espera ver em uma Sessão da Tarde da vida, para refrescar a cabeça. O longa é chocante e reflexivo, evoca metáforas difíceis que se misturam com elementos do horror muito bem dosados, formando uma narrativa forte sobre uma realidade que deveria ser distante, mas não é.
É assustador pensar em um mundo em que mulheres matam mulheres, guiadas por uma obsessão tão enraizada. É assustador pensar em como a aparência pode ser a base de uma vida em sociedade. É assustador pensar em como uma religião pode ser mais opressora do que liberadora. Porém, o mais assustador é o quanto tudo isso pode ser palpável.
O horror do filme se mistura com uma visão satírica muito peculiar que causa medo, constrangimento e os mais diversos sentimentos. Já visualmente, Medusa beira o impecável, com belos planos que costuram a história.
Medusa é um convite à reflexão, a um olhar mais profundo sobre preconceitos que já se tornaram tão enraizados que são difíceis de ser mudados, mas ao mesmo tempo enaltece a força feminina, que por vezes é subestimada. Aos desavisados, o longa-metragem pode servir como um aviso de o quão longe a perversidade pode chegar.
Giulianna Muneratto
Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.
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