Divulgação/Disney Studios
A nova animação da Disney mistura alguns elementos confusos, mas tem tudo para conquistar o público; leia a crítica da Tangerina
Nesta quinta-feira (24), chega aos cinemas brasileiros a animação Mundo Estranho, mais novo filme da Disney. Dirigido por Don Hall, mesmo nome por trás de Operação Big Hero (2014) e Raya e o Último Dragão (2021), o longa apresenta uma narrativa levemente confusa, mas tem tudo para entrar na sua lista de favoritos do mundo do Mickey.
A trama começa em Avalonia, com o explorador Jaeger Clade (que, na versão original, é dublado por Dennis Quaid) liderando uma pequena expedição que busca descobrir o que existe além das montanhas geladas que isolam o lugar onde mora de qualquer contato com o mundo exterior.
Ao longo do caminho, seu filho Searcher (Jake Gyllenhaal) descobre uma planta com descarga elétrica que pode ser a salvação do vilarejo por conta do seu potencial de energia. Ele sugere que voltem a Avalonia sem ultrapassar a tempestade de neve. O pai, porém, se ofende e sai furioso, deixando toda a expedição para trás, para perseguir seu grande sonho.
Vinte e cinco anos depois, Jaeger nunca mais foi visto e Searcher constituiu uma família. Ele agora cuida de uma fazenda e é exaltado por todo o povo de Avalonia, que se tornou uma civilização de alta tecnologia, até com carros voadores.
Porém, uma doença mortal infectou o ecossistema que permite que a planta com energia elétrica, chamada Pando, se desenvolva, e ele precisa ir contra seus instintos e seguir novamente em uma missão para tentar descobrir como salvá-la.
Tudo parece bem até que seu filho Ethan (Jaboukie Young-White) e sua mulher Meridian (Gabrielle Union) acabam se metendo na missão. O que ninguém esperava é que a nave que os levaria diretamente ao local de desenvolvimento do Pando acaba caindo em um abismo. Lá, eles encontram um submundo completamente diferente de tudo o que eles já viram antes –e muito colorido, por sinal.
Só de ler o resumo da narrativa, já fica claro que o filme soa um tanto esquisito, como sugere o título. Mundo Estranho é, de fato, um mundo verdadeiramente estranho. Porém, mesmo com a confusão, as tramas dos personagens vão se entrelaçando conforme o longa avança e, no final, lindas lições coroam a animação, como já se espera da fórmula mágica da Disney.
Tudo o que acontece no começo aquece para uma reunião familiar com o patriarca sumido dos Clade e, novamente, o estúdio do Mickey investe em um filme que toca fundo em feridas na temática de família, assim como foi o caso de Red: Crescer É uma Fera (2021).
Apesar de o todo ser um pouco raso, os personagens trazem complexidade. Enquanto Jaeger é um homem com tendências machistas e a conhecida figura do pai ausente, Searcher tenta fugir para o extremo oposto, sendo progressista, mas superprotetor –e também acaba dando suas derrapadas.
Já as mulheres do longa são fortes, determinadas, e ao mesmo tempo cuidadosas e protetoras. Ainda assim, a narrativa transita muito mais na relação entre pai e filho, deixando as personagens femininas em segundo plano.
Um dos aspectos que verdadeiramente emocionam no filme é o primeiro protagonista abertamente gay da Disney. Ethan é um adolescente que consegue conversar tranquilamente com seus pais e até com seu avô sobre sua paixão por um garoto da escola, e a naturalidade e sutileza com que o tema é tratado aquecem o coração de qualquer espectador.
Outro ponto positivo é o fato de que o conceito familiar em Mundo Estranho foge do aspecto homogêneo tão característico de outras produções e foca bastante em diversidade, tanto racial quanto sexual. Além de tudo, o filme é uma alegoria da mudança climática em um momento tão crucial para o meio ambiente.
Por mais que seja difícil enxergar um futuro em que Mundo Estranho seja um sucesso estrondoso, ainda assim o filme tem tudo para ser mais um passo da Disney na direção certa.
Giulianna Muneratto
Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.
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