FILMES E SÉRIES

Andrew Garfield em cena de Tick, Tick... Boom; um dos melhores filmes da Netflix

(Foto: Divulgação/Netflix)

Tick, Tick... Boom!

O musical que a Netflix enterrou para promover filme de 200 milhões

Tick, Tick… Boom! é um exemplo de como nem sempre o problema está na recepção, mas em como o próprio serviço decide posicionar seus títulos

Victor Cierro
Victor Cierro

Tick, Tick… Boom! e Alerta Vermelho completam 4 anos nesta quarta-feira (12). Os dois chegaram à Netflix em novembro de 2021, com poucos dias de diferença entre si. Mas, enquanto o musical dirigido por Lin-Manuel Miranda foi recebido como uma das melhores produções já feitas pelo streaming, o longa de ação estrelado por Dwayne Johnson, Gal Gadot e Ryan Reynolds tomou toda a atenção da plataforma. A própria escolha de marketing da Netflix fez com que um dos filmes mais celebrados de sua história fosse deixado de lado.

Tick, Tick… Boom! conquistou a crítica com 88% de aprovação no Rotten Tomatoes, além de indicações ao Oscar e uma das atuações mais elogiadas da carreira de Andrew Garfield, interpretando o compositor Jonathan Larson. Já Red Notice recebeu apenas 37% no site especializado, mas se tornou um fenômeno entre o público por reunir três das maiores estrelas de Hollywood em uma aventura global de alto orçamento.

E essa diferença de recepção não foi um problema para a Netflix. Naquele momento, a empresa buscava um blockbuster chamativo para competir com cinemas fechados ou em recuperação. Alerta Vermelho custou cerca de US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão) e foi tratado como o grande evento do streaming no fim daquele ano. Tick, Tick… Boom!, apesar de elogiado, não recebeu a mesma campanha promocional, nem destaque prolongado na plataforma.

Ryan Reynolds, Gal Gadot e The Rock em cena de Alerta Vermelho

Ryan Reynolds, Gal Gadot e The Rock em cena de Alerta Vermelho

(Foto: Divulgação/Netflix)

Netflix foi sua maior inimiga

Resultado: um dos melhores filmes já lançados pela Netflix foi praticamente engolido pelo hype do concorrente feito dentro de casa. Tick, Tick… Boom! poderia ter se tornado um dos símbolos da marca, um filme de prestígio para reforçar o catálogo autoral e premiado, algo que o streaming sempre tentou alcançar. Mas a estratégia focou em volume de visualizações, não em legado cultural.

O contraste fica ainda mais evidente quando se observa o impacto posterior. Alerta Vermelho chegou a ser o filme mais assistido da história da plataforma por alguns anos, até ser ultrapassado recentemente pelo fenômeno Guerreiras do K-Pop. Já Tick, Tick… Boom! se mantém como um favorito entre fãs de musicais e críticos, mas nunca recebeu o lugar de destaque que poderia ter ocupado nas campanhas de fim de ano, retrospectivas e recomendações internas.

Hoje, a discussão sobre construção de catálogo e identidade volta a ganhar força dentro do streaming. Produções autorais que poderiam ser referências acabam soterradas por grandes apostas de audiência rápida. Tick, Tick… Boom! é um exemplo claro de como nem sempre o problema está na recepção, mas em como o próprio serviço decide posicionar seus títulos.

Quatro anos depois, o musical permanece como uma das obras mais emocionantes e inspiradas disponíveis na Netflix. Já Alerta Vermelho segue como entretenimento leve e lembrado pelo elenco estrelado. Mas a história das duas estreias revela algo maior: um dos momentos em que a Netflix escolheu priorizar impacto imediato em vez de consolidar um clássico dentro de casa.

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Victor Cierro

Victor Cierro

Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.

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