FILMES E SÉRIES

Kristine Hartgen e Carl Martin Eggesbø

Divulgação/Netflix

CRÍTICA

Narvik: Inspirado em drama real, filme norueguês vira hit na Netflix

Longa conta a história da cidade da Noruega que ficou marcada como o palco da primeira grande derrota de Hitler na Segunda Guerra Mundial

André Zuliani

Um dos filmes mais vistos da Netflix no Brasil, Narvik (2022) encontrou um sucesso inesperado entre o público. Disponível na plataforma desde o dia 23, o longa norueguês inspirado em um drama real tornou-se hit e foi a produção de língua não inglesa mais vista da última semana, com 37,9 milhões de horas assistidas.

Dirigido por Erik Skjoldbjærg, Narvik conta a história real da pequena cidade da Noruega que dá nome ao longa e que ficou marcada como a representação da primeira grande derrota de Adolf Hitler (1889-1945) durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Um feito histórico em meio a uma das piores tragédias em toda história da humanidade.

O longa narra o período tenso no qual Hitler avançava com suas tropas por toda a Europa e parecia se encaminhar para uma vitória a passos largos. Durante a primavera europeia de 1940, os nazistas tinham como um de seus principais pontos de importação a rota de Narvik, por onde recebiam grandes porções de minério de ferro para seguir com o conflito armado.

Na época, a Noruega se encontrava em posição de neutralidade e não se envolvia nos conflitos entre os Aliados (Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos) e o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Por causa disso, integrantes dos governos alemão e inglês se reuniam na região de Narvik para negociar e alinhar pontos estratégicos para a guerra.

Carl Martin Eggesbo

Carl Martin Eggesbø é Gunnar Tofte em Narvik

Reprodução/Netflix

Na trama, uma tropa de soldados noruegueses retorna à cidade de licença. Um deles é Gunnar Tofte (Carl Martin Eggesbø), oficial que quer aproveitar a folga para passar o aniversário de seu filho ao lado do menino e de sua mulher, Ingrid (Kristine Hartgen), funcionária do hotel local que se tornou o ponto de encontro entre delegações da Alemanha e do Reino Unido. Por ser uma das poucas que fala os idiomas de ambos os países, ela se torna a tradutora dos oficiais presentes.

A “paz” instaurada pela neutralidade norueguesa acaba quando os alemães invadem Narvik em uma decisão estratégica. Por ser o principal porto de embarque para o minério de ferro sueco, utilizado para a fabricação de armas, Hitler ordena que suas tropas dominassem a região. Isso faz com que os ingleses saiam em retirada e busquem organizar prontamente um contra-ataque fulminante.

Cientes de que seriam prisioneiros dos nazistas, os soldados noruegueses decidem se aliar ao ingleses e partem para a guerra no que ficaria conhecido como o maior combate armado da história do território norueguês. Isso faz com que Gunnar embarque em uma jornada extremamente dramática, primeiro como prisioneiro alemão e depois como um cidadão em busca de vingança.

Em Narvik, Ingrid acaba se aproveitando de sua posição de tradutora não oficial para enganar os oficiais nazistas e levar informações ao ingleses refugiados. Tudo isso em meio ao caos das batalhas que vão destruindo a cidade pouco a pouco. Ela ainda precisa tomar conta do pequeno Bjørg (Mathilde Holtedahl Cuhra), cuja saúde é colocada à prova pelos males da guerra e leva a jovem a tomar decisões que poderiam mudar o rumo do conflito mundial.

Kristine Hartgen

Kristine Hartgen em cena de Narvik

Reprodução/Netflix

Enquanto drama de guerra, Narvik tem ótimas cenas de ação que priorizam a humanização de seus personagens em vez de focar na brutalidade. Por mais que corpos sem vida estejam o tempo todo no caminho dos personagens, Skjoldbjærg busca dar mais ênfase às jornadas narrativas do que a espetacularização do conflito.

Tal opção do cineasta faz com que o espectador se afeiçoe ainda mais aos dramas de Ingrid e Gunnar, separados por uma guerra que coloca em xeque o futuro de todas as famílias da cidade. O que atrapalha a condução do filme é sua quebra de ritmo, destacada pela divisão de Narvik em “capítulos” cujo objetivo é mostrar o que está acontecendo com os protagonistas em determinado período do tempo. Ao retornar a um núcleo específico após longas sequências destinadas a outro personagem, a sensação é de que a ligação do espectador com cada um diminui cada vez mais.

Em uma temporada na qual filmes como Nada de Novo no Front (2022) levam o drama da guerra ao limite e deixam o público imerso na tragédia histórica, Narvik acaba ficando para trás na comparação. No entanto, isso não faz do título um desperdício de tempo.

Cartaz de Narvik

Narvik

Drama
14

Direção

Erik Skjoldbjærg

Produção

Onde assistir

Netflix

Elenco

Carl Martin Eggesbø
Kristine Hartgen
Stig Henrik Hoff
Henrik Mestad
Christoph Bach
Isak Bakli Aglen
Emil Johnsen
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QUEM FEZ

André Zuliani

Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.

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