Columbia Pictures
Envolto em aura de cult, Jovens Bruxas voltou a figurar entre os filmes mais vistos da Netflix 26 anos depois do lançamento
O feitiço de Jovens Bruxas (1996) foi tão forte que não só levou uma legião de adolescentes a abusar do lápis de olho em suas publicações do Fotolog. O filme foi um dos responsáveis por popularizar religiões neopagãs como a Wicca no Brasil e, 26 anos depois do seu lançamento, voltou a ser um dos conteúdos em alta da Netflix –mesmo já estando no catálogo da plataforma desde 2019.
O telespectador, aliás, está de olho nesse universo místico como um todo no serviço de streaming. O longa-metragem aparentemente se beneficia do sucesso da última (e mais sombria) temporada de Stranger Things e até de séries como Primeira Morte.
A produção chama a atenção não só de um público saudosista, que o vê como um clássico cult, mas também de uma parcela mais jovem da audiência. Com quase três décadas de existência, Jovens Bruxas ainda chama mais atenção do que a sua mais recente sequência –Nova Irmandade (2020), disponível na HBO Max.
O verniz de realidade é um dos pontos a favor da obra original, que contou com uma feiticeira de verdade como colaboradora do diretor Andrew Fleming. A ocultista Pat Devin foi responsável por tornar os encantamentos do filme os mais próximos da realidade do neopaganismo.
A lei do retorno, uma constante da Wicca, também é central para a história de Sarah (Robin Tunney), Nancy (Fairuza Balk), Bonnie (Neve Campbell) e Rochelle (Rachel True). Elas, no entanto, têm questões um tanto mais reais do que a irmandade que as substitui e, portanto, muito mais próximas ao público.
Se Nova Irmandade foca mais nos poderes e nas responsabilidades da magia, Jovens Bruxas retrata adolescentes em busca de soluções rápidas para os seus problemas. Eles vão da aparência a questões mais sérias, como o racismo ou transtornos alimentares –não necessariamente bem representados em meados dos anos 1990.
As netas da bruxa Keka (Xuxa Meneghel) da geração Z podem até ter uma certa recusa política no coletivo, mas são engajadas enquanto indivíduos. Apesar de todas as limitações técnicas e até morais, o filme parece superar magicamente o tempo para se conectar com uma audiência que ainda nem tinha nascido em 1996.
Daniel Farad
Repórter. Além do Notícias da TV, também se juntou ao Tangerina para combater a mesmice e o escorbuto. Escreve do Rio de Janeiro, onde se sente eternamente em uma novela do Manoel Carlos. Aqui, porém, a gente fala mexerica. Fale com o Daniel: vilela@tangerina.news
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