Doc Netflix: Obcecado pelo Titanic, CEO da OceanGate causou tragédia

Em junho de 2023, o submarino Titan, operado pela OceanGate, desapareceu durante uma expedição turística para ver os destroços do Titanic. Após quatro dias de buscas, coordenadas pelas Guardas Costeiras dos EUA e Canadá, destroços da embarcação foram encontrados no fundo do Oceano Atlântico, a sudeste de Newfoundland, no Canadá. Especialistas determinaram que o Titan havia implodido durante sua descida, matando instantaneamente todos os cinco passageiros a bordo. O caso, acompanhado com atenção pelo mundo todo há dois anos, virou tema do novo documentário da Netflix, Titan: O Desastre da Oceangate, que estreia no serviço de streaming nesta quarta-feira (11).

A implosão ocorreu a 3.300 metros de profundidade, 90 minutos após o início do mergulho que pretendia chegar aos 3.800 metros de profundidade onde o Titanic repousa. A causa provável da tragédia foi uma falha estrutural, com a delaminação do casco de fibra de carbono sendo a hipótese principal.

Com cerca de duas horas de duração, a produção não se concentra apenas nos últimos momentos do submarino, mas sim na série de decisões questionáveis e na cultura interna da OceanGate e de seu CEO, Stockton Rush, que, ao longo de quase uma década, pavimentaram o caminho para o desastre. O diretor do documentário Mark Monroe mencionou, em depoimento à Netflix, que a tragédia era “completamente evitável”.

Stockton Rush era obcecado pelo Titanic e tinha o hábito de demitir quem discordava de seus julgamentos. O empresário chega a ser classificado como um “provável psicopata” por ex-funcionários, que relatam que ele se cercava de bajuladores, muitos deles inexperientes e desqualificados.

Alertas ignorados e demissões

O documentário apresenta o testemunho exclusivo de David Lochridge, ex-diretor de operações marítimas da OceanGate e piloto de submersíveis. Lochridge foi demitido após insistir que o Titan não estava pronto para o mergulho devido a preocupações com os padrões de segurança. Tony Niessen, ex-diretor de engenharia, também foi demitido por discordar. Emily Hasmmermeister, assistente de engenharia, saiu ao perceber a instabilidade do casco de fibra de carbono, afirmando que Rush estava “tão obcecado em chegar ao Titanic que nada do que alguém dissesse fazia diferença”.

O Titan tinha casco de fibra de carbono, um material mais barato e fácil de transportar do que titânio ou aço. No entanto, engenheiros entrevistados no documentário afirmam que o material pode ser altamente instável e nunca havia sido usado para mergulhos tão profundos. Rob McCallum, cofundador da Eyos Expeditions e consultor da OceanGate, resumiu a estrutura do Titan afirmando que “Não havia como saber quando ela falharia. Mas era uma certeza matemática de que iria falhar”.

A OceanGate enfrentou escrutínio significativo e desafios legais após o desastre de Titan. A empresa encerrou suas operações em meio a investigações sobre a tragédia, que se concentraram nos protocolos de segurança e nas decisões de engenharia que contribuíram para a implosão. “O filme critica um segmento da sociedade que acredita que as regras não se aplicam a eles e se sente no direito de quebrá-las em nome de algo maior”, diz o diretor do documentário.

Quem morreu no Titan?

As cinco vítimas da tragédia foram:

Harding, Dawood e seu filho pagaram US$ 250 mil (R$ 1,4 milhão) cada um por um assento a bordo da expedição.