Reprodução/Universal Pictures
Longa estreia nos cinemas nesta quinta-feira (1º); elenco conta com David Harbour, John Leguizamo e Beverly D'Angelo
Quem nunca teve uma experiência no Natal na qual um dos presentes escondidos nas caixas embaixo da árvore não era exatamente o que você esperava? Em Noite Infeliz (2022), novo filme estrelado por David Harbour (o Hopper de Stranger Things), esse definitivamente não é o caso –o longa entrega exatamente o que promete. E muito mais!
Quem assiste ao trailer de Noite Infeliz pode se permitir pensar que um filme natalino no qual o Papai Noel surge bêbado, dando surra em vilões e dizendo palavrões não deve ser um longa tão absurdo assim. Afinal, é comum que estúdios façam prévias para levar o espectador ao cinema, apenas para surpreendê-lo com uma trama que pouco se parece com o que ele aguardava.
Para o bem ou para o mal, Noite Infeliz é, de fato, um absurdo. Daqueles que choca com uma história claramente sem sentido, cheia de momentos clichês e frases feitas que parecem estar ali para questionar a inteligência do público. Surpreendentemente, o resultado final é nada menos do que incrível.
Em sua primeira cena, o longa já diz a que veio. Em um pequeno bar na Inglaterra, um velho barrigudo e de barbas brancas (Harbour) aparece trajado com a roupa do Papai Noel, muito bêbado e infeliz com a vida. Ele reclama das crianças atuais, que parecem ter se esquecido da magia do Natal e só se importam com o novo videogame da vez. Este homem é, de fato, o bom velhinho dos mitos natalinos.
David Harbour em nova versão do Papai Noel
Divulgação/Universal Pictures
O Papai Noel de Noite Infeliz, no entanto, não é o velho baixinho e benevolente que gosta de biscoitos e dá risada com “ho, ho, ho”. Aqui, Harbour vive uma nova versão do mito, que aprecia muito mais um bom uísque do que um copo de leite e grita palavrões quando suas renas deixam um rastro de cocô por onde passam.
Noite Infeliz é também um filme que exige ser levado a sério por seus próprios méritos, mesmo quando faz referências descaradas a outros clássicos de Natal –principalmente Duro de Matar (1988) e Esqueceram de Mim (1990)– e ousa misturar violência de (muita) ação sangrenta com uma subtrama sentimental sobre a crença inabalável de uma jovem no Papai Noel.
O absurdo começa quando Noel, em sua clássica missão anual de levar presentes para as crianças de todo o mundo, se vê preso em uma situação realmente infeliz. Ao chegar na enorme mansão dos Lightstone, o bom velhinho descobre que a inocente jovem Trudy Lighstone (Leah Brady) foi feita refém por bandidos mercenários ao lado de toda a sua família.
Na cena do crime estão Gertrude Lightstone (Beverly D’Angelo), matriarca dura e implacável que reuniu a família disfuncional para mais uma celebração de Natal. Junto com ela estão seus dois filhos: Alva (Edi Patterson), que faz qualquer coisa para ter a atenção (e a herança) da mãe, e Jason (Alex Hassell), pai de Trudy, cuja dependência da família colocou seu casamento com Linda (Alexis Loude) em crise. Há ainda Bert (Alexander Elliot), o filho mimado e influencer de Alva, e Morgan (Cam Gigandet), ator que está apenas interessado no dinheiro dos Lightstones.
David Harbour e John Leguizamo
Divulgação/Universal Pictures
Quando a equipe de mercenários liderada por Scrooge (John Leguizamo) surge em busca da riqueza de Gertrude, é a fé de Trudy na magia do Natal que faz com que Noel decida ficar para ajudá-la. Mesmo bêbado e fora de forma, ele “encarna” Bruce Willis para derrubar os vilões um a um.
Estrela do longa, David Harbour dá vida a um Papai Noel com origens vikings e mais de mil anos de vida. Ele é quase um membro dos Mercenários de Sylvester Stallone, com habilidade incomparável para matar com martelos gigantes e escapar de balas. As cenas de luta comandadas pelo diretor Tommy Wirkola aproximam Noite Infeliz de filmes como John Wick: De Volta ao Jogo (2014) e Trem-Bala (2022), principais títulos de ação dos últimos anos.
Com Harbour no papel de Bruce Willis, Leah Grady é o Macaulay Culkin do filme. Assim como Kevin McCallister de Esqueceram de Mim, a jovem “se junta” à treta com planos mirabolantes e armadilhas (quase) mortais para ajudar Noel a derrotar vilões. Uma união inesperada, mas que rende ótimas sequências e boas risadas.
Grata surpresa do fim de ano, Noite Infeliz é o tipo de longa que nasce com o público clamando por uma franquia. Caso David Harbour esteja disposto, é provável que ver o Papai Noel bêbado surrando bandidos se torne a mais nova tradição de Natal das famílias.
Noite Infeliz
Trailer dublado
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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