(Foto: HBO Max/Divulgação)
Série da HBO Max resgata a história real de crime que mexeu com o Brasil nos anos 1970
Lançada pela HBO Max nesta semana, a minissérie Ângela Diniz: Assassinada e Condenada reacende o debate sobre um dos mais marcantes casos criminais da história do Brasil. Com um total de seis episódios, a produção revisita a vida da mulher que desafiou as convenções sociais dos anos 1970. E a trama real gera algumas curiosidades no público, como a situação atual dos três filhos da socialite.
Ângela Diniz (1944-1976) foi assassinada a tiros por seu então companheiro, o empresário Raul “Doca” Fernandes do Amaral Street. O crime aconteceu na Praia dos Ossos, em Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio, em 30 de dezembro de 1976.
Não houve mistério para descobrir quem matou Ângela Diniz, mas houve um julgamento que entrou para a história como um símbolo da desvalorização da mulher. Naquela época, o crime de feminicídio não existia no Brasil. Só virou lei em 2015.
Ângela Diniz nasceu em 1944 em Curvelo, cidade que fica na região central de Minas Gerais, a aproximadamente 160 quilômetros de distância de Belo Horizonte. Era filha de um dentista e de uma costureira de Belo Horizonte.
Casou-se aos 17 anos com o engenheiro Milton Villas Boas, que tinha 31 na ocasião e pertencia a uma família tradicional de Minas Gerais. Durante dez anos de união, o casal teve três filhos: Milton Villas Boas, Cristina Villas Boas e Luiz Felipe Villas Boas. A socialite adorava a badalação social. Sempre gostou de estar em festas e jantares, algo que o então marido não concordava. Ela, então, decidiu pedir a separação.
No entanto, naquela época, não havia divórcio: apenas um processo conhecido como desquite, que precisa ser aceito pelas duas partes, sobretudo pelo homem. Nesse caso, havia a separação de fato e a divisão dos bens, porém não se permitia um novo casamento. As mulheres desquitadas sofriam muita discriminação da sociedade.
Ângela Diniz decidiu fazer o trâmite. Milton Villas Boas aceitou o acordo, mas impôs condições: ela precisou abrir mão da guarda dos filhos e podia fazer apenas visitas controladas às crianças.
À esq., Cristiana Villas Boas em um evento de 2024 no Ministério Público de MG; à dir., foto da Ângela Diniz real
A morte de Ângela Diniz foi a primeira de muitas tragédias da família. Uma reportagem da Folha de S. Paulo, publicada em 2006, detalha o que aconteceu com os filhos da socialite: “O filho caçula de Ângela, Luiz Felipe, morreu aos 21 anos em um acidente de carro. O mais velho, Milton Villas, sofreu um acidente de motocicleta em 1982. Teve traumatismo craniano e hoje locomove-se com dificuldade. O primeiro marido de Ângela, Milton Villas Boas, morreu em 1980, em um acidente de avião”.
As informações foram passadas por Cristiana Vilas Boas, que concedeu uma entrevista ao jornal há 19 anos –na ocasião, ela tinha 42 anos de idade. À reportagem, Cristiana criticava o fato de Doca Street ter lançado um livro, chamado Mea Culpa, 30 anos depois de ter matado a mãe dela.
“Esse homem é um canalha. Ele está querendo ganhar dinheiro à custa da minha mãe. Meu Deus, quando é que ele se cansará de assassiná-la e a reputação dela? Para nós, a morte de mamãe foi avassaladora. Ela era uma mulher de vanguarda. Ela fazia o que bem entendia. Apesar de toda a dor que passamos, eu tenho o maior orgulho de ser filha de Ângela Diniz”, disse a filha de Ângela, na ocasião.
Cristiana era a filha do meio do ex-casal, e tinha apenas 12 anos quando a mãe foi morta. Milton Villas tinha 13 e Luiz Felipe, 10 anos.
Atualmente, Milton e Cristiana, filhos de Ângela Diniz, moram em Belo Horizonte (MG). Raul Fernando do Amaral Street, o Doca, morreu em 18 de dezembro de 2020, aos 86 anos, ao sofrer um ataque cardíaco. Você encontra fotos da Ângela Diniz real com os filhos no site da Rádio Novelo.
Inspirada no premiado podcast Praia dos Ossos, a minissérie HBO Max explora como Ângela foi duplamente vitimada, sendo julgada e culpabilizada pelo próprio crime em um processo que expôs o machismo estrutural presente no Judiciário e na opinião pública da época. São seis episódios. Os dois primeiros já estão disponíveis no streaming, os outros serão lançados semanalmente; sempre às quintas-feiras. O último está marcado para ser liberado em 11 de dezembro.
Vinícius Andrade
Jornalista e colaborador da Tangerina. Vinícius Andrade já foi editor do Notícias da TV e tem especialização em SEO. Interessado por tudo o que envolve mercado de entretenimento, tem mais de 13 anos de experiência na área e também trabalha com jornalismo local. E-mail: vinicius@tangerina.news
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