Divulgação/Universal Pictures
A ausência de novidades não significa falta de talento ou criatividade em Hollywood
Os últimos meses de 2025 vão expor uma das maiores fragilidades de Hollywood. Até o fim do ano, os próximos lançamentos programados são todos continuações: Tron: Ares, O Telefone Preto 2, Wicked: Parte 2, Zootopia 2 e Avatar: Fogo e Cinzas. A lista evidencia a ausência quase total de produções originais no calendário dos estúdios, que preferem apostar em franquias já conhecidas para garantir público e bilheteria.
A repetição de marcas famosas não é uma tendência nova, mas nunca esteve tão evidente quanto agora. O mercado se mostra cada vez mais resistente a arriscar em histórias inéditas, principalmente diante da pressão dos custos altíssimos de produção e marketing. A estratégia de seguir investindo em sequências parece segura, mas levanta questionamentos sobre o impacto criativo a longo prazo.
O público, por sua vez, mostra que também não está disposto a abandonar esse modelo. O consumo de blockbusters de franquias ainda é o motor da bilheteria mundial, e qualquer tentativa de escapar dessa fórmula costuma enfrentar dificuldades. O cenário se torna um ciclo: os estúdios produzem o que sabem que funciona, e os espectadores continuam prestigiando os mesmos universos.
Um dado ilustra bem a situação. O último filme original a ultrapassar a marca de US$ 1 bilhão (R$ 5,4 bilhões) nas bilheterias foi justamente Zootopia, em 2016 – nove anos atrás. Desde então, nenhuma produção inédita conseguiu atingir esse patamar, consolidando o domínio das sequências e adaptações sobre o cinema mundial.
A ausência de novidades não significa falta de talento ou criatividade em Hollywood. Pelo contrário: existem diversos projetos originais em desenvolvimento, mas a maioria deles é direcionada para o streaming, onde o risco financeiro é menor. O problema é que o impacto cultural de estreias digitais ainda não se compara ao de um grande lançamento nas telonas.
Com o avanço das franquias, a indústria corre o risco de se tornar cada vez mais previsível. Filmes originais, quando surgem, acabam sendo tratados como apostas marginais em meio a um calendário tomado por continuações. Para o espectador, a sensação é de déjà vu constante, com blockbusters que parecem variações de histórias já conhecidas.
Ainda assim, os próximos meses prometem movimentar os cinemas com a força desses títulos. A questão é: por quanto tempo Hollywood conseguirá sustentar esse modelo sem oferecer novos sucessos originais que impactem tanto quanto suas franquias mais famosas? O futuro da criatividade na indústria pode depender dessa resposta.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
Ver mais conteúdos de Victor CierroTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
Ainda não tem uma conta?