Divulgação/Filmes de Plástico
Filme nacional foi escolhido para representar o país na maior premiação do cinema, mas Brasil não emplaca indicado desde 1999
Representante do Brasil no Oscar 2023, Marte Um (2022) pode quebrar um tabu que assombra o país tupiniquim há mais duas décadas. Desde 1999, com Central do Brasil (1998), o brasileiro não torce por um título nacional na maior premiação da indústria do cinema.
Na ocasião, o longa dirigido por Walter Salles fez história. Não apenas Central do Brasil foi indicado a melhor filme internacional, como Fernanda Montenegro (A Vida Invisível) se tornou a primeira atriz latino-americana a ser lembrada na categoria de melhor atriz.
Caso Marte Um esteja entre os cinco títulos que vão disputar a estatueta dourada de melhor filme internacional do ano que vem, o longa dirigido pelo mineiro Gabriel Martins irá quebrar um tabu de 24 anos. Uma meta difícil, mas não impossível.
A longa “seca”, no entanto, corresponde apenas à categoria de melhor filme internacional. No Oscar 2004, Cidade de Deus (2002) também fez história ao conquistar nada menos do que quatro indicações: diretor, roteiro adaptado, fotografia e edição.
Em 2016, o elogiadíssimo O Menino e o Mundo (2013) esteve entre os nomeados a melhor animação, enquanto Democracia em Vertigem (2019), de Petra Costa, foi indicado a melhor documentário em 2020. O segundo, inclusive, está disponível na Netflix.
Em toda a história do Oscar, o Brasil emplacou apenas quatro títulos na disputa pela estatueta dourada de melhor filme internacional. O primeiro foi o clássico O Pagador de Promessas (1962), longa comandado por Anselmo Duarte (1920-2009) e única produção nacional a vencer a cobiçada Palma de Ouro no Festival de Cannes.
A segunda indicação veio apenas 33 anos depois, com O Quatrilho (1995). Dirigido por Fábio Barreto, o longa tinha no elenco nomes como Gloria Pires, Patricia Pillar, José Lewgoy (1920-2003), Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), Cláudio Mamberti (1940-2001), Cecil Thiré (1943-2020) e Bruno Campos, brasileiro que fez carreira em Hollywood com trabalhos em Nip/Tuck (2003-2010), A Princesa e o Sapo (2009) e Plantão Médico (1994-2009).
Já a terceira aconteceu em 1998, quando O Que É Isso, Companheiro? (1997), de Bruno Barreto, foi escolhido para buscar a glória no Oscar. A história do embaixador norte-americano sequestrado por guerrilheiros brasileiros em plena Ditadura Militar (1964-1985) tinha o astro Alan Arkin (Pequena Miss Sunshine) no elenco, além de Selton Mello, Pedro Cardoso, Fernanda Torres, Luiz Fernando Guimarães, Matheus Nachtergaele, Cláudia Abreu e Marco Ricca.
Além dos títulos citados, há algumas produções internacionais que disputaram –e até venceram– prêmios no Oscar e tinham sangue brasileiro nos bastidores. Orfeu do Carnaval (1959), longa francês que levou a estatueta de melhor filme internacional em 1960, se passa no Rio de Janeiro, conta com trilha sonora de Tom Jobim (1927-1994) e Luiz Bonfá (1922-2001) e é inspirado em uma peça de Vinícius de Moraes (1913-1980).
Já o clássico O Beijo da Mulher-Aranha (1986) é uma coprodução entre EUA e Brasil indicada a quatro estatuetas –inclusive melhor filme. Dirigido por Hector Babenco (1946-2016), cineasta argentino e naturalizado brasileiro, o longa rendeu o Oscar de melhor ator a William Hurt (1950-2022) e tinha no elenco nomes como Herson Capri, Milton Gonçalves (1933-2022) e Sonia Braga. A atriz não disputou uma estatueta dourada, mas esteve entre as indicadas ao Globo de Ouro do mesmo ano.
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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