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Longa estreia nos cinemas nesta quinta-feira (11) e ainda conta com Paolla Oliveira, Elisa Lucinda, Leandro Ramos e Dadá Coelho no elenco
Depois de dirigir o ótimo Medida Provisória (2022), Lázaro Ramos retorna à função de ator para estrelar outro filme extremamente necessário para os tempos atuais. Inspirado no best-seller homônimo de Marcos Piangers, Papai É Pop é uma comédia com ares dramáticos que revela os desafios e o prazer da paternidade.
Mais do que mostrar os dois lados da moeda sobre a experiência de criar um filho, Papai É Pop traz uma reflexão sobre o papel do homem nesta realidade. Há séculos, as mulheres carregam o falso estigma de nascerem preparadas para esta função, enquanto seus parceiros ajudam “como pode”, sem que esta seja, de fato, uma de suas prioridades.
Aqui, o longa dirigido por Caito Ortiz absorve os aprendizados explicados por Piangers no livro e subverte as expectativas. Tom (Lázaro), marido carinhoso e grande companheiro de Elisa (Paolla Oliveira), aprende do pior jeito a lidar com as responsabilidades da paternidade e como deve ser a função do homem enquanto parceiro de vida de sua mulher.
Querido por todos, Tom não se adapta à nova vida como pai. Sem saber como equilibrar a vida profissional e social com suas funções paternas, ele acaba sobrecarregando Elisa, que se vê sozinha depois de ter confiado cegamente nas promessas do marido de que ele estaria ali para dividir as responsabilidades.
Através de Tom, Ortiz dá vida às experiências de Piangers e mostra como o homem ainda tem muito a aprender nos tempos atuais. O protagonista está longe de ser um vilão clássico do cinema, mas acaba abraçando um papel de antagonista por causa de sua própria falta de maturidade. Por gerações, o sexo masculino pouco refletiu sobre o papel do pai na família e manteve-se acorrentado a costumes criados pelo patriarcado tóxico.
Lázaro Ramos como Tom
Divulgação/Galeria Distribuidora
Em Papai É Pop, o próprio personagem de Lázaro Ramos foi “vítima” da falta de responsabilidade dos homens. Quando criança, Tom foi abandonado por seu pai, que deixou a doce Gladys (Elisa Lucinda), mãe do rapaz, para criá-lo sozinha. Mesmo com a bagagem de seu passado, o protagonista se vê próximo de “desistir” da paternidade pelo pensamento egoísta de que “deu tudo de si, mas não se acha capaz de fazê-lo”.
Gladys, aliás, é a força que une os laços desta família. Com uma Elisa Lucinda brilhante no papel, a mãe de Tom é o símbolo dos males do machismo que resulta em milhões de mulheres abandonadas por seus maridos e que ficam sobrecarregadas ao criarem suas famílias sozinhas.
Como casal, a química entre Lázaro Ramos e Paolla Oliveira ajuda a criar ainda mais empatia por estes personagens. A falta de sensibilidade de Tom faz com que a audiência queira abraçar Elisa em seu sofrimento, ao mesmo tempo em que torce pelo amadurecimento do protagonista para que esta família não se torne mais uma entre as milhares de “quebradas” espalhadas pelo Brasil.
Papai É Pop é um daqueles filmes que chega despretensiosamente para ganhar um espaço no coração do público. Doce e necessário, o longa de Caito Ortiz já nasceu com o espírito de franquia e pode colocar Tom como o condutor para mostrar aos homens que o sonho de ser pai pode ser difícil, mas ainda vale muito a pena.
Papai É Pop
Veja o trailer oficial do filme nacional
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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