Divulgação/Warner Bros. Discovery
Esse contraste reforça que a indústria do cinema está cada vez mais refém de franquias consolidadas
O cinema de 2025 tem mostrado uma realidade incômoda para fãs e críticos: a bilheteria não tem relação direta com a qualidade dos filmes. Grandes produções com desempenho medíocre em termos artísticos ocupam o topo do ranking mundial, enquanto obras mais elogiadas acabam ficando para trás. O caso mais emblemático é Lilo & Stitch, que foi massacrado pela crítica, mas, impulsionado pela força da marca Disney, já ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões). O live-action se tornou a segunda maior arrecadação do ano, atrás apenas do fenômeno chinês Ne Zha 2.
Outro exemplo é Um Filme Minecraft. Apostando na nostalgia do game e no público infantil, o longa não entregou nada inovador, mas surfou em uma trend viral nas redes sociais para assegurar ingressos vendidos ao redor do mundo. O resultado foi a terceira maior bilheteria de 2025, mesmo com avaliações mornas.
Na sequência, Jurassic World: Recomeço reforça ainda mais a ideia de que a força da franquia fala mais alto do que a qualidade do conteúdo. O filme foi considerado esquecível até mesmo pelos fãs mais dedicados, mas ainda assim conquistou a quarta posição no ranking anual. A nova produção dos dinossauros conseguiu, inclusive, vencer nas bilheteiras dois gigantes muito aguardados: Superman, o primeiro capítulo do novo DCU comandado por James Gunn, e Quarteto Fantástico, da Marvel.
O top 10 do ano, até o momento, ainda traz Capitão América 4, estrelado por Anthony Mackie. Apesar de ocupar uma posição de prestígio, o longa acabou sendo considerado inferior a outras produções de super-heróis lançadas em 2025. Thunderbolts*, por exemplo, foi muito mais elogiado pela crítica, mas ficou atrás em arrecadação.
Também ficaram de fora do top 10 títulos como Pecadores, protagonizado por Michael B. Jordan, considerado até agora o melhor filme do ano pela crítica especializada. Aclamado pelo elenco, roteiro e direção, o longa não conseguiu converter reconhecimento em números expressivos. O mesmo aconteceu com Premonição 6, que revitalizou uma das franquias mais cultuadas do terror com cenas impactantes e criativas, mas não conseguiu superar blockbusters mais genéricos.
Esse contraste reforça que, em 2025, a indústria do cinema está cada vez mais refém de franquias consolidadas e marcas conhecidas. Mesmo quando entregam produções de qualidade duvidosa, esses títulos dominam o mercado e asseguram bilheterias bilionárias. Já obras mais arriscadas ou originais precisam lutar para conquistar espaço, provando que sucesso comercial e excelência artística continuam em lados opostos na maior parte das vezes.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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