(Foto: Divulgação/Netflix)
Em Jay Kelly, o ator abraça a própria imagem de astro de Hollywood para desmontá-la em frente ao público
Depois de uma passagem rápida pelos cinemas, Jay Kelly chega nesta sexta-feira (5) ao catálogo da Netflix e se transforma em uma das estreias mais interessantes do fim de ano na plataforma. O longa acompanha a jornada de um astro de cinema, Jay Kelly (George Clooney), e de seu empresário Ron (Adam Sandler) em uma viagem pela Europa que mistura crise de imagem, balanço de carreira e acertos de contas com o passado. É aquele tipo de drama de personagem que funciona perfeitamente em uma sessão silenciosa em casa, com total atenção na tela.
Os primeiros números mostram que a recepção está longe de ser morna. Jay Kelly aparece com 77% de aprovação da crítica e 87% do público no Rotten Tomatoes, um equilíbrio raro quando se fala de drama adulto. Para quem costuma usar o agregador como termômetro, é o sinal de que o filme não divide tanto opiniões e tem agradado tanto a espectadores quanto a jornalistas especializados. Em meio a tantos lançamentos esquecíveis, ver um título desse porte estrear na Netflix já coloca o longa alguns degraus acima da média.
O principal atrativo, no entanto, é George Clooney. Em Jay Kelly, o ator abraça a própria imagem de astro de Hollywood para desmontá-la em frente ao público. Ele interpreta um ídolo tentando entender o que ainda significa ser relevante em uma indústria em transformação, oscilando entre charme, melancolia e vulnerabilidade. Não é apenas mais um papel elegante: é um trabalho cheio de nuances, que explora o medo do esquecimento, o peso das decisões passadas e a forma como a fama corrói as relações pessoais.
Essa entrega faz com que o nome de George Clooney entre com força na conversa do Oscar 2026. A disputa pela estatueta de Melhor Ator deve ser acirrada e, para o público brasileiro, ganha um tempero especial: Wagner Moura surge como um dos principais rivais na corrida por O Agente Secreto. A possibilidade de ver um duelo entre os dois, representando momentos distintos da carreira e da indústria, já torna Jay Kelly obrigatório para quem gosta de acompanhar premiações e discutir performances.
Adam Sandler e George Clooney em cena de Jay Kelly
(Foto: Divulgação/Netflix)
O filme também ganha pontos pela dinâmica entre George Clooney e Adam Sandler. Longe das comédias escrachadas que o consagraram, o coadjuvante assume um papel mais contido, como o empresário que conhece o astro melhor do que ninguém e precisa equilibrar amizade e negócios. A relação dos dois personagens é construída em diálogos afiados, silêncios incômodos e pequenos gestos que revelam anos de convivência. É nessa química que o longa encontra muitos de seus momentos mais emocionantes.
Outro destaque está na estrutura do roteiro, que utiliza flashbacks para quebrar a viagem presente e revelar feridas antigas. Essas idas e vindas no tempo deixam o ritmo mais dinâmico, aprofundam a visão sobre quem é Jay Kelly por trás do tapete vermelho e transformam o longa em um estudo de personagem bem mais complexo do que a premissa sugere. Aos poucos, o espectador entende como cada escolha na carreira e na vida afetou o homem que vemos hoje, cansado, mas ainda tentando reencontrar propósito.
Para quem abre a Netflix em busca de mais um filme qualquer, Jay Kelly é a oportunidade de assistir a um drama adulto bem construído, com grande atuação de um astro no auge da maturidade e clima de premiação no ar. Seja para entrar no clima do Oscar, seja para acompanhar a possível disputa entre George Clooney e Wagner Moura, vale separar a noite, dar o play e se deixar envolver pela jornada de um ator que precisa encarar o próprio legado.
Assista abaixo ao trailer do filme:
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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