(Foto: Divulgação/Netflix)
Combinação de emoção, nostalgia e tensão sobrenatural faz de Life is Strange um herdeiro espiritual quase perfeito da trama
O catálogo da Netflix está cheio de histórias de amor e ódio com o público, mas poucas doem tanto quanto as séries que foram canceladas cedo demais. Um dos casos mais emblemáticos foi I Am Not Okay With This, que estreou em 2020. A trama conquistou 86% de aprovação no Rotten Tomatoes e rapidamente formou uma base fiel de fãs. Mesmo assim, a empresa de streaming puxou o plugue após apenas uma temporada, deixando espectadores frustrados.
Na época, o cancelamento pegou a todos de surpresa. A produção já estava praticamente renovada para a segunda temporada, mas acabou vítima dos altos custos gerados pela pandemia de COVID-19. Nem as petições dos fãs surtiram efeito, e a Netflix não voltou atrás. Desde então, quem se apaixonou pela jornada de Sydney Novak (Sophia Lillis) sente que faltou uma continuação à altura.
Agora, cinco anos depois, o Prime Video parece pronto para preencher esse vazio com a adaptação de um game cultuado: Life is Strange. O jogo, lançado em 2015, acompanha Max, uma jovem que descobre a habilidade de rebobinar o tempo e alterar o passado. Mas, assim como em I Am Not Okay With This, os poderes sobrenaturais funcionam mais como metáfora para os dilemas da adolescência, da saúde mental e das relações complexas.
As semelhanças não param por aí. Ambas as histórias mergulham em atmosferas melancólicas, embaladas por trilhas de indie-pop/rock e pelo peso de romances LGBTQ+. Essa combinação de emoção, nostalgia e tensão sobrenatural faz de Life is Strange um herdeiro espiritual quase perfeito da série que a Netflix não deixou florescer.
O formato episódico do game também favorece a transição para a TV. Cada capítulo do jogo funciona como um episódio pronto para ser adaptado, explorando os paradoxos da viagem no tempo sem deixar a narrativa se perder em excessos. Se bem executada, a produção do Prime tem tudo para se tornar um dos maiores acertos entre adaptações de games.
Vale lembrar que o universo de Life is Strange não é estranho para o público jovem adulto. O game conquistou milhões de fãs ao redor do mundo justamente pelo equilíbrio entre drama intimista e elementos fantásticos. Essa mistura pode garantir que a série seja mais do que um simples “substituto” da cancelada da Netflix –e se torne um fenômeno próprio.
Se o projeto vingar, o Prime Video pode, enfim, oferecer aos órfãos de I Am Not Okay With This aquilo que eles mais pediam: uma narrativa intensa, emocionante e sobrenatural que nunca teve a chance de continuar na rival vermelha. A série live-action de Life Is Strange foi aprovada pela Amazon, mas ainda não tem previsão de estreia.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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