Rosalina: Nova adaptação de Romeu e Julieta exagera, mas diverte

Como qualquer clássico, Romeu e Julieta já foi adaptado inúmeras vezes, com diferentes tons ao longo dos anos. Mesmo assim, Rosalina (2022) –filme que estreia nesta sexta-feira (14) no Star+– consegue trazer uma proposta nova: contar a famosa história de William Shakespeare (1564-1616) sob o ponto de vista da prima de Julieta que, por acaso, é ex-namorada de Romeu.

O longa começa com Rosalina (Kaitlyn Dever) e Romeu (Kyle Allen) em um romance escondido; afinal, ela também é uma Capuleto –maior rival da família dele, Montéquio. Os dois fazem juras de amor e parecem completamente apaixonados, até que, um dia, uma série de acasos faz com que a protagonista não consiga comparecer ao baile de sua família, deixando o espaço perfeito para que o mocinho conheça –e se apaixone por– Julieta (Isabela Merced).

Sob um novo ponto de vista, a história passa longe de ser o que o público espera. Aqui, Romeu é o típico “boy lixo”, que troca Rosalina um dia depois de ter professado seu amor. Já Julieta é ingênua e, por isso mesmo, acaba aceitando facilmente os “conselhos” da prima –que está determinada a destruir o famoso casal.

A relação entre Rosalina e Julieta, aliás, tem bem mais química do que a de qualquer uma das duas com Romeu. Isabela entrega o encanto natural e inocente de Julieta, enquanto Kaitlyn dá a quantidade certa de sarcasmo para sua Rosalina. As duas funcionam bem em tela –especialmente quando a mocinha de Shakespeare percebe que está sendo usada e vira o jogo.

Isabela Merced como Julieta e Kaitlyn Dever como Rosalina

Divulgação/20th Century Pictures

Mas os destaques ficam por conta de dois outros personagens: a ama Janet (Minnie Driver), que tem um humor afiado e conselhos certeiros para a protagonista, e Páris (Spencer Stevenson), o clássico melhor amigo gay de comédias românticas, que foge do clichê por conta do período renascentista em que a trama se passa.

Aliás, nesta nova versão, o filme realmente se torna uma comédia romântica. Enquanto Rosalina faz de tudo para retomar seu antigo romance, outra pessoa surge em sua vida: o novo personagem Dario (Sean Teale), que entende suas ambições para além de um casamento arranjado, e também a provoca com importantes questionamentos sobre o amor.

A cena dos dois andando a cavalo enquanto discutem o assunto –que parece demais o momento em que Kristoff e Anna fazem exatamente a mesma coisa em Frozen (2013)– fica ainda melhor quando Dario responde “love is an open door” (o amor é uma porta aberta, em português) e brinca com a referência.

Assista ao trailer de Rosalina

O filme está disponível no Star+

Sim, o humor é óbvio e exagerado durante Rosalina. As piadas são pouco elaboradas e algumas cenas podem parecer até bobas –como a protagonista tentando levantar o corpo inerte de Julieta. No entanto, o filme tem um trunfo em suas mangas: não se levar a sério. E, por isso mesmo, ele consegue divertir genuinamente.

Além disso, Rosalina surpreende até nos momentos em que foca na história de Romeu e Julieta que já conhecemos. Aqui, os famosos acontecimentos que giram em torno do casal ganham uma motivação diferente que contribui para refrescar a trama. A linguagem atual e a trilha sonora –que inclui de Robyn a Phoebe Bridgers– também ajudam nesse sentido.

O filme não vai se tornar uma grande referência em adaptações de Romeu e Julieta, mas nem se propõe a isso. Aqui, o objetivo é divertir enquanto reimagina uma história que o público já sabe de cor. E isso ele faz muito bem.