Divulgação/Star+
Protagonizado por atores pretos, novo longa estreia no Star+ nesta sexta-feira (31); confira a entrevista exclusiva da Tangerina com a diretora Raine Allen-Miller
Filme que chega ao Star+ nesta sexta-feira (31), Rye Lane: Um Amor Inesperado (2023) tem a identidade do cinema moderno. Com um elenco formado em sua maioria por atores pretos, o longa é considerado pela diretora Raine Allen-Miller como uma representação do avanço na indústria.
A busca por mais diversidade existe há décadas, mas apenas nos últimos anos o cinema e a TV foram se adaptando às exigências de uma sociedade evoluída e repleta de minorias que ganharam voz. Embora não seja expoente entre filmes protagonizados por negros, Rye Lane carrega em si o mesmo símbolo que outras obras que o antecederam.
Este avanço vale principalmente para o subgênero comédia romântica, quase sempre retratado no cinema em histórias de amor entre casais brancos ou inter-raciais. Em Rye Lane, os protagonistas são Dom (David Jonsson) e Yas (Vivian Oparah), jovens que se encontram casualmente e passam o dia se conhecendo e ajudando um ao outro a lidar com recentes términos.
A decisão de escalar dois atores pretos no protagonismo foi de Raine em conjunto com a produtora Kharmel Cochrane. Ciente da maneira como outras obras diminuem mulheres de pele escura, a cineasta de 33 anos se esforçou para evitar cair em armadilhas que fizessem de seu filme um retrato do passado.
“Existe um mundo onde até mesmo alguém que se parece comigo é escolhido primeiro para um papel como Yas ou Dom. Achei importante termos dois protagonistas de pele escura porque quero ver mais disso. É simples assim. É também porque eles eram as melhores pessoas para o trabalho, mas eu queria que os protagonistas fossem negros de pele escura. Precisamos ver isso”, destaca a diretora em entrevista exclusiva à Tangerina.
Vivian Oparah e David Jonsson em cena de Rye Lane
Divulgação/Star+
A escalação de Jonsson e Vivian não foi a única imposição pessoal feita por Raine para que Rye Lane tivesse a sua cara. A diretora contou que teve o primeiro contato com o roteiro cerca de dois anos antes do início das filmagens, e aproveitou o tempo para reescrevê-lo e encaixá-lo à sua maneira.
O roteiro escrito por Nathan Bryon e Tom Melia mescla comédia e drama enquanto Dom e Yas passeiam pelas ruas do sul de Londres divagando sobre a vida e suas relações amorosas. O desafio de equilibrar os dois gêneros sem cometer a falha de priorizar demais um ao outro também foi uma prioridade para Raine ao trabalhar em conjunto com os roteiristas.
“É sobre ser verdade. Sabe, para mim, [um filme] precisa ser crível. A piada precisa ser crível. Eu não sou muito fã de performances exageradas, eu gosto de coisas que são engraçadas porque de fato são engraçadas. Se eu acredito, então ela é engraçada. Não que eu não seja fã de comédias ridículas, mas funciona menos para mim. Por exemplo, eu sou muito fã de Debi & Lóide (1994), mas não é algo que eu queira fazer”, continua.
Embora o longa chegue ao Star+ sem grandes alardes ou a mesma repercussão de superlançamentos, Raine acredita que a popularização de serviços de streaming seja benéfica para filmes de baixo orçamento. A diretora não tem medo de obras se tornarem comerciais se mais pessoas tiverem acesso.
“Tudo o que eu faço é para que o maior número de pessoas assista. Não tenho medo que as coisas se tornem mais comerciais porque, se um filme se tornou comercial, significa que todos podem vê-lo. Não gosto de coisas que são específicas para um certo grupo de pessoas. Coisas que só alguém com um certo conhecimento vai entender. Isso não é interessante para mim. É ótimo que [Rye Lane] seja um filme global. Serviços de streaming significam que pessoas que não têm condições de ir ao cinema vão poder assistir ao filme de suas casas”, finaliza.
Assista ao trailer de Rye Lane:
Rye Lane
Trailer legendado
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
Ver mais conteúdos de André ZulianiTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
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