(Foto: Divulgação/BBC)
A percepção de queda de qualidade nas temporadas finais se tornou um dos pontos mais citados entre fãs e críticos
A série Sherlock, disponível no Prime Video, segue dividindo o público anos após o fim de sua quarta temporada. Lançada em 2010 e estrelada por Benedict Cumberbatch e Martin Freeman, a produção britânica marcou época ao modernizar o personagem criado por Arthur Conan Doyle (1859-1930) e transformar investigações clássicas em narrativas ágeis, estilizadas e cheias de personalidade. Porém, com o passar dos anos, a percepção sobre a série se fragmentou e abriu espaço para uma discussão que parece não ter fim.
No auge do sucesso, Sherlock era tratada como uma das melhores séries do mundo. A produção recebia prêmios, altas notas da crítica e uma base de fãs apaixonada. Os dois primeiros anos, em especial, são lembrados pela força de seus roteiros, pelo carisma dos protagonistas e por escolhas visuais que aproximavam a série do cinema. O formato de três episódios por temporada também criava a sensação de evento, tornando cada capítulo esperado como um lançamento especial.
Mas o mesmo formato que ajudou a construir o fenômeno acabou contribuindo para um desgaste. Os longos intervalos entre as temporadas aumentaram expectativas a níveis impossíveis de sustentar. A espera criava teorias, discussões e uma pressão constante para que cada nova história fosse maior, mais surpreendente e mais ousada que a anterior. Quando chegou a hora de entregar, parte do público achou que a série começou a perder naturalidade.
A percepção de queda de qualidade nas temporadas finais se tornou um dos pontos mais citados entre fãs e críticos. Alguns enxergam um tom melodramático exagerado e um foco menor na dedução, elemento mais tradicional do personagem, substituído por reviravoltas grandiosas. Para quem se apaixonou pelo estilo mais elegante e contido do início, a mudança pareceu brusca.
Por outro lado, há quem defenda Sherlock até hoje como uma das séries mais inventivas de sua época. A ousadia estética, o uso criativo de visualizações de pensamento, a construção da parceria entre o protagonista e Watson e o impacto da série na cultura pop são elementos frequentemente lembrados como prova de sua importância. Para esses espectadores, a discussão sobre queda de qualidade ignora o que a produção conseguiu fazer no panorama da televisão.
O debate sobre ser injustiçada ou superestimada também esbarra no tamanho que Sherlock tomou no imaginário da internet. O fandom se expandiu muito rápido, gerou expectativas intensas e criou uma relação emotiva com a narrativa. Quando a série mudou de direção, parte desse público não acompanhou, o que deixou uma sensação de ruptura que influencia a forma como ela é lembrada hoje.
Ao revisitar Sherlock no Prime Video, a impressão mais comum é que a série continua forte onde sempre brilhou: no talento do elenco, nas ideias visuais e na habilidade de atualizar um ícone literário sem perder sua essência. Se ela foi vítima do próprio sucesso ou alvo de cobranças impossíveis, a resposta varia de espectador para espectador. O que não muda é que poucas séries nos últimos anos despertaram debates tão duradouros quanto este.
Sherlock alcançou 78% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes, enquanto o público chegou a 83%. Assista abaixo ao trailer:
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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