Sinto que errei ao apertar play e chegar até o fim de Casa de Dinamite

Talvez você tenha chegado a esse texto depois de assistir ou enquanto está assistindo ao novo filme da Netflix, Casa de Dinamite. Dirigido pela vencedora do Oscar Kathryn Bigelow e com um elenco repleto de atores famosos e talentosos, é o tipo de produção que dá vontade de apertar o play para ver. Eu fiz isso na noite de sexta-feira (24). E me arrependi.

Antes de mais nada, quero avisar que esse texto não é uma crítica e não tem como objetivo fazer uma análise geopolítica profunda do cenário de guerra nuclear. É só uma opinião de quem viu Casa de Dinamite e ficou decepcionado. Talvez você tenha visto e terminou com uma opinião diferente da minha –e está tudo bem. Ou então você vai ler esse texto e se identificar com o meu sentimento.

[O texto abaixo contém spoilers do filme Casa de Dinamite]
O filme Netflix começa bem, criando todo o suspense que pretende te prender pelas próximas duas horas, com trilha sonora, câmera inquieta e uma trama interessante. É o tipo de produção que te ganha nos primeiros 15 minutos e, por mais repetitiva que fique, te mantém preso até o final.

Na trama, uma força desconhecida lançou um ICBM, que é um Míssil Balístico Intercontinental com capacidade nuclear, contra os Estados Unidos. Enquanto o míssil faz a sua trajetória, os responsáveis por tentar detê-lo precisam tomar decisões em menos de 15 minutos. O que fazer? A quem avisar? Como retaliar? O que vai acontecer quando esse míssil cair? Esse míssil realmente vai causar algum estrago? Chicago vai sumir? Essas perguntas ficam na cabeça do espectador, mas todo o clima de suspense vai se desfazendo aos poucos.

Isso porque o filme se desenrola a partir de três perspectivas diferentes, tentando montar um quebra-cabeça. Você vê a mesma história se repetir três vezes, sob diferentes pontos de vista. Porém, algumas peças do quebra-cabeça nunca se encaixam direito. Além disso, o longa não faz questão de explicar muita coisa a quem assiste: os vários termos técnicos jogados nos diálogos causam certa confusão em determinados momentos.

Anthony Ramos em cena de Casa de Dinamite

Foto: Divulgação/Netflix

Um problema das perspectivas no longa é que não é adicionada nenhuma informação muito diferente sobre a situação quando mudava o ponto de vista. Os mesmos diálogos e momentos foram repetidos várias vezes, o que deixou a trama monótona em certo ponto.

Casa de Dinamite teve uma avaliação positiva da crítica, com 79% de aprovação no Rotten Tomatoes. Quem gostou defende que a diretora conseguiu transmitir bem o que seria o horror diante de uma ameça nuclear, passando a tensão através da falta de compreensão e da humanidade dos personagens, precisando lidar com seus conflitos familiares e profissionais enquanto o míssil faz a sua rota. Os líderes parecem mais preocupados com o que acontecerá com suas famílias do que com seus trabalhos.

O mais frustrante, para mim, é que Casa de Dinamite não nos dá um final nem para a crise nem para os personagens.

Um usuário da plataforma de avaliação IMDb resumiu bem o meu sentimento quando os créditos apareceram na tela: “Quando você está preparado para um suspense, quer heróis para torcer e vilões para xingar. Ou pelo menos uma mensagem clara e um chamado às armas no final de tudo. Mas Casa da Dinamite nos nega qualquer uma das duas coisas. A única coisa que realmente permanece é o horror existencial de saber que vivemos em um mundo tão frágil”.

Casa de Dinamite não tem uma continuação prevista na Netflix. Acabou daquele jeito mesmo. Apesar de tudo, eu não terminei com a sensação de ter visto um filme ruim. Mas terminei frustado por acreditar que a história poderia ser contada de uma forma muito mais interessante. E você, o que achou?