Divulgação/Lucasfilm
Considerada um padrão para mulheres pretas, atriz vencedora do Oscar precisava se desconectar do próprio corpo pela arte
Lupita Nyong’o já estreou no cinema com tudo: ela venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante por seu trabalho em 12 Anos de Escravidão (2013). Por isso, fãs ficaram surpresos quando, pouco depois de levar a estatueta mais importante da indústria, ela aceitou aparecer em Star Wars: O Despertar da Força (2015) como uma personagem totalmente criada por computação.
A atriz nascida no México e criada no Quênia topou o convite de fazer as capturas de movimento para Maz Kanata porque precisava fugir dos comentários que ouvia sobre sua beleza. Depois que conquistou o Oscar, Lupita Nyong’o passou a ser considerada uma referência de beleza negra, algo que foi acentuado depois que ela assinou um contrato para ser garota-propaganda dos cosméticos da Lancôme.
“Viver Maz Kanata permitiu que eu me desconectasse do meu corpo de uma maneira que eu precisava naquele momento. Eu tinha de dar um tempo do meu próprio corpo, de tudo o que as pessoas estavam dizendo sobre o meu corpo”, desabafou ela nesta quarta (19) em entrevista ao The Hollywood Reporter.
Lupita Nyong'o como Maz Kanata em Star Wars
Divulgação/Lucasfilm
Segundo Lupita, a questão não era ser considerada uma mulher bonita, mas um modelo de beleza para outras mulheres pretas. “Eu me tornei sujeito de uma discussão muito maior, uma conversa sociopolítica. Eu gostei dessa discussão maior e em nenhum momento quis que ela parasse de acontecer. Mas eu queria participar da prática de ser eu mesma, não da teoria de ser eu mesma”, filosofou.
Ela recuperou sua satisfação nessa discussão ao escrever o livro Sulwe, lançado em 2019, sobre uma garota que “tem a pele da cor da meia-noite” e que é mais retinta do que todos os outros integrantes de sua família. A obra entrou para a lista de mais vendidas do The New York Times e recebeu um prêmio da NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Negros).
“É muito fácil para uma pessoa negra que a política de sua cor se sobreponha à arte, e você precisa lutar para manter o direito à expressão artística. Mas também respeitar a necessidade de uma discussão maior, a necessidade de uma movimentação política”, disse Lupita Nyong’o. “Acho que, por ser a filha de um político, eu entendo isso. Nunca fui só um indivíduo, sempre tive que caminhar nessa linha de ser a filha de uma pessoa pública.”
A atriz voltou a interpretar Maz Kanata em Star Wars: Os Últimos Jedi (2017) e em A Ascensão Skywalker (2019), além de animações e games da franquia espacial. Seu próximo desafio no cinema, porém, é Pantera Negra: Wakanda para Sempre, que estreia no Brasil em 10 de novembro. O longa da Marvel mostrará como o país africano segue em frente após a morte de T’Challa (Chadwick Boseman).
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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