FILMES E SÉRIES

Rute (Serayah) e Boaz (Tyler Lepley) em cena de filme Netflix que faz versão de romance bíblico

(Foto: Divulgação/Netflix)

FILME TOP 1

Sucesso na Netflix, Rute e Boaz causa polêmica com versão de romance bíblico

Entenda as diferenças entre o filme e a história contada na Bíblia Sagrada

Vinícius Andrade, Tangerina
Vinícius Andrade

O filme Rute e Boaz rapidamente se tornou um sucesso ao ser lançado na semana passada pela Netflix. Ocupa o primeiro lugar nas paradas do serviço de streaming tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. De acordo com a empresa, foram 10,3 milhões de visualizações no mundo todo somente nos três primeiros dias após a estreia. No entanto, por se tratar de uma adaptação moderna de uma histórica bíblica do Velho Testamento, a produção causou reações divisivas.

Antes de falar sobre o filme, vale entender quem o produz: a dupla DeVon Franklin e Tyler Perry. O cineasta, ator e magnata norte-americano Tyler Perry você já conhece ou então já viu algo dele –a produção mais recente do artista para a Netflix foi o sucesso Até a Última Gota, que ficou semanas entre os conteúdos mais vistos no Brasil em junho.

Já DeVon Franklin é um autor, produtor de cinema, pregador e palestrante motivacional nos Estados Unidos. Os dois fizeram uma parceria para produzir diferentes “histórias de fé” para a Netflix. Eles expressaram o desejo de “usar a parceria para espalhar o bem e inspirar o mundo com filmes que elevem o espírito humano”. Rute e Boaz foi o primeiro longa fruto desse trabalho da dupla.

A trama do filme Rute e Boaz na Netflix

A versão cinematográfica de Rute e Boaz, dirigida por Alanna Brown, transporta a narrativa bíblica para os tempos modernos. O filme se passa nos EUA e é ambientado com uma trilha sonora R&B/hip-hop. A história acompanha Rute Moably (interpretada por Serayah), uma artista de hip-hop em ascensão que decide deixar a cena musical de Atlanta após uma disputa acalorada com seu empresário, que resulta na morte de seu namorado.

Em busca de um novo começo, Rute se muda para uma cidade rural no Tennessee para cuidar de Naomi (Phylicia Rashad), a mãe viúva de seu namorado morto. Lá, Rute trabalha em um vinhedo local, onde conhece o viticultor Boaz (Tyler Lepley), por quem se apaixona, e redescobre sua paixão pela música.

O filme Netflix enfatiza que o relacionamento entre Rute e Naomi é tão crucial quanto a história de amor romântica com Boaz, sendo Naomi quem, em última instância, conduz Rute até ele.

  • Nota no IMDb: 5,9/10
  • E qual é a polêmica?

    Apesar de dominar a audiência, Rute e Boaz gerou comentários divisivos, sobretudo nos Estados Unidos. A polêmica aparece principalmente na abordagem “solta” e contemporânea da narrativa bíblica. Espectadores nas redes sociais criticaram a adaptação por “sexualizar a narrativa bíblica”. Há quem chame o longa de “ofensivo” e alguns cristãos chegaram a classificá-lo como um “filme de exploração moderno”, resumindo a crítica em “carnal”.

    Essa tensão entre fé e espetáculo é uma característica e, ao mesmo tempo, uma falha percebida na produção de Perry. O filme inclui cenas consideradas sensuais. Logo no início, a personagem Rute realiza uma rotina de dança provocativa que choca Naomi.

    Além disso, há cenas em que Boaz aparece sem camisa, o que alguns críticos veem como um apelo visual projetado para o entretenimento, onde o “pecado” é parte da diversão em vez de ser um elemento a ser redimido. A realidade, porém, é que não há nada explícito. Tanto é que aqui no Brasil o filme recebeu classificação indicativa para maiores de 12 anos.

    Outra crítica significativa está na alteração dos elementos centrais do conflito bíblico. A história original depende de costumes judaicos, como a Lei do Levirato, que definia quem tinha o direito de se casar com Rute. O filme da Netflix, no entanto, substitui esse dilema cultural por um conflito moderno e genérico, envolvendo um magnata da música que age como mafioso.

    O vilão destrói a vinícola de Boaz e culmina em um tiroteio dramático envolvendo os três protagonistas, o que alguns consideram um clímax que parece mais um suspense feito para a televisão do que uma história espiritual atemporal.

    “Em termos de personagens, se você quer fazer um filme ‘direto do livro de Rute’, você tem que segui-lo. Você tornou os personagens de Rute e Boaz seculares. Conceito moderno? Certo. Se você não entende o conceito de como ambos os personagens eram, então não desinforme as pessoas sobre os personagens da Bíblia”, opinou uma espectadora que deu nota 1,0 para o filme no IMDb.

    “Tenho que admitir que fiquei cética ao ver o título, conhecendo a história da Bíblia e sabendo que seria uma versão moderna. Mas quando digo que este filme superou todas as expectativas! Fiquei simplesmente impressionada. Adorei os personagens, como o filme foi escrito e ainda fluiu com a história original. Claro que houve algumas diferenças, mas combinou com o tema do filme. Adorei a química entre Boaz e Rute! Adorei que não fosse um filme desagradável com sexo em cada cena”, escreveu outra, que considerou a versão da Netflix nota 10 no IMDb.

    A história de Rute e Boaz na Bíblia

    A história de Rute e Boaz é contada no Livro de Rute, no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada. Ela, uma mulher moabita, se casou com Malom, um israelita, filho de Elimeleque e Noemi, que tinham se mudado de Belém (Israel) para Moabe devido a uma grande fome. Após a morte de seu marido e de seu sogro, Rute demonstrou grande lealdade e devoção à sua sogra, Noemi, e ao Deus de Israel, prometendo que o povo de Noemi seria o seu povo e o Deus de Noemi seria o seu Deus. Rute e Noemi retornaram juntas para Israel.

    Boaz era um rico fazendeiro israelita de Belém. Ele é um parente próximo da família de Noemi e é conhecido por ser justo, generoso e bondoso. Boaz se casa com Rute por meio de um preceito legal conhecido como a Lei do Levirato, que tinha o objetivo de preservar o patrimônio e suscitar descendentes legítimos para o marido israelita morto.

    Por meio dessa união, Rute e Boaz se tornaram pais de Obede. A história é de grande importância teológica, pois Obede se torna o avô do Rei Davi. Dessa forma, Rute, a estrangeira moabita, é incluída na linhagem de Cristo. Embora o casamento pudesse ser visto como uma transgressão da “lei da exclusão” que proibia uniões com moabitas, os anciãos aprovaram a união, reconhecendo que Rute era devota do Deus de Israel.

    Informar Erro
    Falar com a equipe
    QUEM FEZ
    Vinícius Andrade, Tangerina

    Vinícius Andrade

    Jornalista e colaborador da Tangerina. Vinícius Andrade já foi editor do Notícias da TV e tem especialização em SEO. Interessado por tudo o que envolve mercado de entretenimento, tem mais de 13 anos de experiência na área e também trabalha com jornalismo local. E-mail: vinicius@tangerina.news

    Ver mais conteúdos de Vinícius Andrade

    0 comentário

    Tangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.

    Acesse sua conta para comentar

    Ainda não tem uma conta?