FILMES E SÉRIES

David Corenswet em cena de Superman

Divulgação/DC Studios

História de Origem

Superman: James Gunn começa nova DC com decisão arriscada

Ela altera de forma drástica uma das bases do personagem: sua origem; entenda a reviravolta

Victor Cierro
Victor Cierro

O novo filme do Superman marca o início oficial da DC, e James Gunn já deixa claro que está disposto a romper com tradições. A trama ignora completamente a história de origem do herói – não há explosão de Krypton, nem a clássica despedida de Jor-El e Lara, e muito menos a infância no Kansas sob o olhar rígido de Jonathan Kent. Em vez disso, a trama já começa com o herói em ação há três anos… e enfrentando sua primeira grande derrota.

Essa decisão não é só ousada. Ela altera de forma drástica uma das bases do personagem: sua origem. O longa revela uma reviravolta que transforma os pais kryptonianos de Kal-El em figuras questionáveis — quase vilanescas — e reinventa seus pais humanos de maneira mais sutil, mas igualmente significativa. É a mudança mais radical que o Superman já teve nas telas.

Machucado depois de uma batalha contra um capanga de Lex Luthor (Nicholas Hoult), o herói se refugia na Fortaleza da Solidão. Lá, assiste a uma gravação holográfica dos pais biológicos, vividos por Bradley Cooper e Angela Sarafyan. A princípio, a mensagem é o que todos esperam: amor, esperança, legado. Mas, quando o vilão invade a fortaleza e sua aliada metahumana — a Engenheira (María Gabriela de Faría) — recupera uma parte danificada da gravação, tudo muda.

Jor-El e Lara, na verdade, não mandaram Kal-El (David Corenswet) à Terra como salvador — mas como conquistador. Eles falam, sem rodeios, sobre dominar o planeta com seus poderes e até incentivam o filho a formar um “harém” de mulheres humanas para gerar uma linhagem de supercrianças. E não é montagem: a mensagem é real.

Mudança na origem de Superman

A revelação transforma a figura mitológica dos pais kryptonianos. Mesmo em adaptações ousadas como Smallville (2001-2017), Jor-El nunca foi retratado com intenções tão sombrias. No cinema, ele sempre foi um guia moral — interpretado por Marlon Brando e Russell Crowe em versões que inspiravam o Superman a proteger a humanidade. Agora, Gunn vira essa lógica de cabeça para baixo.

A origem humana de Clark também passa por mudanças. Os novos Jonathan e Martha Kent (Pruitt Taylor Vince e Neva Howell) não têm a pompa dos vividos por Kevin Costner e Diane Lane em O Homem de Aço (2013). São pessoas simples, com dificuldades tecnológicas e sotaque carregado. O pai nem sequer morreu jovem — algo comum nos filmes, mas não obrigatório nas HQs.

Mais adiante, Superman e Lois (Rachel Brosnahan) visitam a fazenda, e o herói reencontra o pai, que compartilha memórias sem lições grandiosas. “Pais não estão aqui para dizer aos filhos quem eles devem ser”, diz. Ao final, a gravação que mais emociona Kal-El não vem de Krypton, mas de vídeos caseiros com Ma e Pa Kent.

Enquanto os filmes de Zack Snyder tratavam Superman como um deus distante — uma entidade superior com poderes ilimitados e perigosos —, o filme de Gunn faz o oposto. Elimina o elo emocional com Krypton e enfatiza o lado humano do herói. Ele sangra, se frustra, tem dúvidas e medos. E diz isso abertamente, em um discurso comovente contra o próprio Luthor.

O novo Superman ainda tem superpoderes, uma base futurista, robôs assistentes e até um cachorro alienígena. Mas, ao cortar suas raízes mitológicas e destacar sua criação por pessoas comuns, James Gunn entrega a versão mais humana do herói já vista no cinema.

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Victor Cierro

Victor Cierro

Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.

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