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Depois de cinco anos à deriva no mar de séries esquecidas, Taboo ressurge como uma grata surpresa no catálogo da Netflix
Taboo é uma série estrelada por nomes como Tom Hardy (Venom) e Jessie Bucley (A Filha Perdida) que está no catálogo da Netflix e que faz sucesso com o público desde que estreou, em 2017. Ela conta a história de Keziah Delaney (Tom Hardy) que surge na Londres de 1814 após 10 anos “desaparecido” na África, para vingar a morte de seu pai.
A série apareceu do nada na Netflix e chamou a atenção de milhares de curiosos. Tanto que a série inglesa segue no pódio das produções mais vistas da plataforma no Brasil cinco longos anos depois de sua estreia mundial, lá em 2017. A série, que tem uma temporada de 8 capítulos de uma hora cada, voltou à baila porque promessa de uma segunda temporada- que foi renovada ainda em 2017- nunca se concretizou. O que faz seus fãs se perguntarem se a produção foi cancelada. Respondendo à esta pergunta: Não, a série não foi cancelada. A única razão da produção não ter sido continuada após5 anos é a agenda de seu protagonista, Tom Hardy, que depois da série se tornou um dos nomes mais requisitados de Hollywood.
Produzida por Ridley Scott (diretor de Blade Runner e Alien – O Oitavo Passageiro) é criada por Steven Knight (da bem-sucedida Peaky Blinders: Sangue, Apostas e Navalhas) e pelo ator Tom Hardy e seu pai, Chips Hardy, Taboo é uma estranha mistura de drama histórico gótico com thriller político/sobrenatural. Um projeto com a cara de Hardy, que, claro, faz mais um de seus esquisitões amargurados e levemente insanos.
E tudo isso com um elenco britânico de primeira repleto de atores que você tem a impressão de que já viu em algum lugar. É que boa parte deles fez parte de Game of Thrones. Como Jonathan Pryce, David Hayman, Nicholas Woodeson e Roger Ashton-Griffiths, por exemplo.
TomHardy é James Keziah Delaney, um explorador/mercenário que retorna a capital inglesa no início dos anos 1800 bem diferente de quando partiu. Nesse intervalo de tempo, ele viveu uma década na África, onde presenciou horrores e maravilhas que seus compatriotas não conseguem nem imaginar.
Bom, eles imaginam, claro, e essa aura de lenda dá a Delaney um certo poder de intimidação. Algo que lhe será muito útil, pois o motivo de sua volta a Londres é que seu pai morreu e deixou para ele um “pedaço de terra” no oceano que seria vital para a vitória em um conflito que está acontecendo ente Grã-Bretanha e América. Pressionado por sua irmã, com quem ele tem uma relação bem estranha, políticos britânicos e a infame Companhia das Índias Orientais, Delaney monta um intrincado plano de vingança, pois acredita que seu pai foi assassinado.
Trailer da série Taboo (2017)
Tom Hardy vive mais um de seus personagens esquisitões na surpreendente Taboo
Se depois de saber disso, você se perguntou: “mas então, por que diabos a série tem esse nome?” Que fique avisado. Em meio a essa trama rocambolesca alguns tabus dão o tom sombrio da série. Coisa leve, tipo incesto, canibalismo e tortura. Uma produção que leva ao pé da letra o fato de te transportar para um período “podre” da história do Reino Unido, a principal potência colonizadora da época.
Como Clive Owen ao interpretar o Dr. John Thackery em The Knick, outro drama de época igualmente sombrio, Hardy nos dá um personagem central tão magnético que poderia até carregar a série inteira nas costas. O que, felizmente, não é o caso. Ele funciona mais como um contraponto ao embate entre os interesses de uma entidade maior, como o estado, e a moralidade individual. Delaney pode ser o bobo da corte que sabe mais do que todo mundo reunido dentro da sala ou um mensageiro do caos.
Mas essa é a grande graça de Taboo. Delaney é um protagonista que não conseguimos ler. Assim como seus inimigos ou amigos que se acham inimigos ou o contrário. Vamos descobrindo suas motivações por meios tortuosos, nunca muito claros. O constante estado de confusão mental empacotado em uma produção de arte caprichada que faz desta uma série tão enigmática quanto atraente.
Taboo é aquela injeção de bizarrice que a Netflix precisa para deixar seu catálogo mais, sei lá, extremo. E não é que está dando certo?
Rafael Argemon
Rafael Argemon é criador do perfil O Cara da Locadora no Instagram e também assina uma coluna com o mesmo nome na Tangerina, onde indica as pérolas escondidas nas plataformas de streaming. Cinéfilo e maratonador de séries profissional, passou por Estadão, R7, UOL, Time Out e Huffpost. Apaixonado por pugs, sagu e jogos do Mario.
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