FILMES E SÉRIES

Cena de Um Filme de Cinema, de Thiago Mendonça

Divulgação

UM FILME DE CINEMA

Diretor brasileiro se inspira nas próprias filhas em filme gracioso

Um Filme de Cinema é uma forma de o diretor Thiago B. Mendonça estimular a criatividade das filhas e guardar lembranças

Giulianna Muneratto

Thiago B. Mendonça usou o olhar lúdico e inocente das próprias filhas para criar Um Filme de Cinema, longa que estreou na última semana nos cinemas nacionais. Através da visão de uma protagonista criança, é possível acompanhar a história desde sua concepção até as questões filosóficas envolvidas na criação.

Em entrevista à Tangerina, Mendonça detalha de onde surgiram suas inspirações para montar o roteiro e o longa-metragem. “Eu tinha muita vontade de fazer um filme com minhas filhas. Uma idade bonita, que eu queria deixar registrada de algum modo, mas não tinha ainda muita clareza de como fazer. Foi após uma conversa com um amigo, o cineasta Andrea Tonacci, para quem o filme é dedicado, que decidi fazer uma ficção”, conta.

“Fiz este filme com minhas filhas, mas principalmente para minhas filhas. Pensando o filme que eu queria que elas assistissem. O que eu gostaria de contar para elas. E falando com elas, eu imagino que fale para muitas outras crianças”, acrescenta.

Colocar o cinema como o centro da narrativa foi uma forma de homenagear essa paixão que tanto ele quanto a mulher compartilham. “Sempre assistimos a filmes com as meninas. Nossa produtora fica na nossa casa. Nossas filhas vivem cotidianamente desde sempre o entra e sai de pessoas que fazem filmes com a gente, atrizes, atores, técnicos… Que são para elas tios e tias, parte de uma família expandida. Então, Um Filme de Cinema é uma espécie de fabulação do cotidiano de nossas filhas. Um filme de formação de uma menina diante da vida e das pessoas em suas multiplicidades e diferenças, mediada pelo cinema”, complementa.

As crianças, inclusive, não apenas participaram do filme como atrizes, como também colaboraram com o processo de criação. “Eu escrevi o roteiro a partir da observação dos seus gestos e ideias. No filme, há uma câmera que está sempre na mão das meninas, com imagens e entrevistas feitas por elas, na maior parte de tempo sem nossa mediação. E há muitas cenas improvisadas, contando com sua espontaneidade. Mesmo na montagem minhas filhas opinavam, davam pitaco. Elas vivenciaram cada etapa de construção do filme”, admite.

Misturar a ficção com a realidade também foi uma maneira de deixar a obra ainda mais genuína. “O filme se passa na nossa casa, na escola onde elas estudavam. Com amigas e amigos reais delas. E com muitos atores e atrizes que eram parte do convívio cotidiano em suas vidas. Então há algo muito verdadeiro, porque era interessante captar as crianças em sua espontaneidade e relações vivas. Mas é um filme ficcional em sua estrutura fabular, em seus diálogos e personagens. Na forma imaginativa e criativa como estruturamos a narrativa e nas suas interações com a história do cinema. Acho que a sensação documental se dá porque arte e vida se misturam muito neste filme”, pontua o cineasta.

Ele ainda quis fazer um filme lúdico, que pudesse ser assistido por adultos e crianças e levasse uma mensagem, apostando na inteligência e na sensibilidade dos pequenos. “Tivemos um cuidado de fazer um filme reflexivo para crianças, mas que ao mesmo tempo fosse leve. Em que elas tivessem espaço para pensar, ser espectadoras ativas da história. Fazer uma obra em que os conteúdos não fossem rebaixados, mas ao mesmo tempo fossem compreensíveis, que eles pudessem ser apropriados”, finaliza.

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QUEM FEZ

Giulianna Muneratto

Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.

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