Divulgação/Netflix
A série derivada estreou dia 25 na Netflix misturando elementos históricos, religião e dramas pessoais
Vikings Valhalla, que estreou no último dia 25 de fevereiro na Netflix é uma série derivada da original Vikings, lançada em 2013 e concluída em 2020. A série fez sucesso mundialmente ao revisitar o período em que os vikings eram a força mais respeitada e temida dos mares, contando a trajetória de Ragnar Lothbrok, um dos primeiros vikings a cruzar o oceano dando início às invasões bárbaras na Europa. Já Vikings: Valhalla tem uma trama que se passa 100 depois da série original, literalmente abordando o início do fim, ou seja, retratando os últimos dias dos tão temidos vikings e sua violenta cultura.
Vikings Valhalla
O início do fim
Uma armadilha em potencial enfrentada por qualquer série derivada é ficar parecido demais com o produto original. Claro que o tema do novo drama histórico não difere muito da série “mãe”, mas o pulo para o século 11 ajudou nesse quesito, mudando um pouco a ambientação. Porém, o grande acerto de Valhalla é seu ritmo.
Enquanto a série original teve um começo bem lento, alguns diriam até morno, Valhalla aposta logo de cara em bastante ação e em vários arcos de histórias, desenvolvendo rapidamente diversos temas e transitando entre três protagonistas, cada um com conflitos bem pessoais.
Freydís Eiríksdóttir (Frida Gustavsson) e Leif Erikson (Sam Corlett) formam uma dupla poderosa.
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A maneira como já no primeiro episódio o protagonismo muda várias vezes de foco ajuda a criar uma ótima dinâmica na série, que tem início com o que parece uma simples trama de vingança focada em Freydís Eiríksdóttir (Frida Gustavsson), que zarpou da Groelândia e viajou por todo o território viking para se vingar de um viking cristão que a estuprou e a deixou com uma cicatriz em forma de cruz. Ao lado dela está seu irmão, Leif Erikson (Sam Corlett, que parece uma fusão de dois atores famosos, Chris Hemsworth e Jason Momoa), a apoiando na cruzada. Mas, quando consultamos um pouco nossas memórias das aulas de História, vemos que a importância dele é bem maior: Leif é considerado o primeiro europeu a chegar à América do Norte.
Completando a trinca está Harald Sigurdsson (Leo Suter), príncipe da Noruega que está em busca da sua própria vingança numa missão bem mais ampla: atacar a Inglaterra em retaliação ao massacre dos vikings que lá viviam. Retomando a aula de história: um dos principais atrativos da franquia Vikings é sua ambientação histórica, mas se você é aficionado em detalhes, pode ficar acabado com algumas licenças tomadas pelo roteiro. Por exemplo, Harald já deveria ser rei no período retratado aqui.
Com apenas oito episódios, a primeira temporada de Valhalla é mais longa do que parece, pois conta com episódios longos. Mas isso não prejudica o ritmo, pelo contrário. Muita coisa acontece em cada episódio: personagens evoluem, traições acontecem e não faltam reviravoltas. A sensação é de que cada capítulo é um filme que prende nossa atenção. Fica difícil maratonar episódios longos? Fica, mas isso não significa que a vontade não exista.
Porém, este mesmo ritmo acarreta um defeito comum em tramas envolvendo exércitos de qualquer época: a maneira artificial como personagens sobem rapidamente de posto, em pouquíssimo tempo comandando os demais personagens e recebendo enorme respeito, quando eram completos desconhecidos alguns episódios antes.
Sangue nos olhos é fichinha pra esses aqui.
Divulgação/Netflix
Valhalla não fica apenas nas sangrentas batalhas entre os vikings e os ingleses. A série original já apresentava muito da mitologia nórdica entrando em contraste pela primeira vez com as crenças cristãs. Agora, um século depois, o cristianismo se espalhou entre os vikings. Isso é muito bem explorado na narrativa, criando muitos problemas internos entre os vikings, numa cultura onde paganismo e cristianismo convivem num cenário bem distante de qualquer paz.
E não se trata apenas de fanáticos cristões querendo eliminar toda a cultura pagã, alguns personagens são levados a questionar suas crenças ao se depararem com o que parece ser prova da religião rival.
Produzida em parceria pela Netflix e a MGM, Valhalla foi anunciada já com 24 episódios garantidos. Mantendo a estrutura da primeira temporada, isso significa mais duas temporadas contando essa jornada que mistura guerras, autodescoberta e descriminação religiosa num lindo embrulho com incríveis figurinos e fotografia.
Está achando pouco? Bem, são 24 episódios confirmados, mas conforme o sucesso da série, isso pode ser esticado. Lembrando que o primeiro Vikings durou seis temporadas.
Leva que tá doce: questionamento religioso, roteiro envolvente.
Dois pelo preço de um: curte cenários medievais? Vai curtir Knightfall, Game of Thrones.Presta atenção, freguesia: credibilidade no máximo, a maior parte do elenco é composta por atores nórdicos
Leonardo Vicente Di Sessa
Leonardo Vicente Di Sessa é jornalista especializado em cultura geek desde 2001. Escreve para a revista Mundo dos Super-Heróis, fala sobre cinema, quadrinhos e séries em diversos veículos e está nos podcasts Fala, Animal e Mansão Wayne.
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