(Foto: Divulgação/Disney)
Essa sensação não surge por falhas, mas pelo acerto absoluto do filme em criar personagens carismáticos e ambientações inéditas
Zootopia 2 chega como uma das continuações mais bem construídas da Disney nos últimos anos. Em vez de apenas repetir a fórmula vencedora do primeiro filme, a nova aventura de Judy Hopps e Nick Wilde entende exatamente o que tornou o original tão querido e aprofunda cada uma dessas camadas. A sequência não só expande o universo da cidade animal mais famosa da animação moderna, mas também entrega um desenvolvimento preciso e emocional para seus protagonistas.
Ao contrário de Moana 2 (2024), que parecia existir muito mais para capitalizar o sucesso global da primeira animação, Zootopia 2 justifica sua existência desde os primeiros minutos. A história mergulha em novos recortes sociais, explora bairros inéditos da metrópole e cria situações que resgatam a essência de sátira urbana do original. Judy e Nick continuam sendo o coração da trama, agora ainda mais afinados, ainda mais humanos e ainda mais carismáticos.
A presença do Chefe Bogo obrigando a dupla a participar do programa de aconselhamento Parceiros em Crise funciona como uma renovação da dinâmica entre eles. É um recurso narrativo simples, mas poderoso, que abre espaço para vulnerabilidade, humor e conversas que realmente importam para a evolução dos personagens. O filme entende que crescer emocionalmente faz parte da jornada desses heróis tanto quanto desvendar mistérios.
E quando surge o enigmático Gary De’Snake, um réptil venenoso e imprevisível, a trama ganha um novo ritmo. O caso envolvendo o recém-chegado força os protagonistas a atravessar áreas desconhecidas de Zootopia, cada uma repleta de novas criaturas, novos perigos e novas críticas sociais. A sequência constrói um cenário ainda mais complexo, vivo e cheio de possibilidades narrativas.
É justamente aí que nasce o grande defeito do filme. Zootopia 2 é tão rico, tão cheio de ideias e tão eficiente em desenvolver seu universo que 1h48min parecem insuficientes para tudo o que a narrativa propõe. Não é que falte algo; é que há tanto material interessante que o público termina a sessão com a sensação clara de que a história poderia continuar por mais meia hora sem perder qualidade.
Essa sensação não surge por falhas, mas pelo acerto absoluto do filme em criar personagens carismáticos, ambientações inéditas e conflitos que mereciam mais tempo de tela. A cidade continua sendo um dos cenários mais criativos da Disney, e cada novo distrito apresentado parece convidar o público a explorar ainda mais aquele mundo.
Zootopia 2, portanto, cria um paradoxo raro para uma sequência. Ele é tão bom, tão seguro de sua própria identidade e tão bem-sucedido no que se propõe que acaba abrindo espaço para uma expectativa inevitável: a Disney tem material de sobra para transformar esse universo em trilogia. Se o objetivo era provar que a franquia ainda tem fôlego, a missão foi cumprida com tanta força que o único defeito da animação é acabar cedo demais. Assista abaixo ao trailer:
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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