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A Tangerina entrevistou Gustavo Steinberg, diretor do evento que acontece entre esta quarta e domingo em São Paulo; confira a conversa
Considerado o festival de jogos mais importante da América Latina e um dos principais do mundo, o BIG Festival começa nesta quarta-feira (28) em São Paulo como muito mais do que um local para reunir gamers e apresentar os próximos lançamentos. O evento virou um espelho da nova realidade da indústria, em que a diferença entre indies e mainstream está cada vez mais tênue.
“É uma coisa que eu já falo há alguns anos e que está mais evidente do que nunca. A diferença entre indie e não indie está difícil de entender, né?”, aponta Gustavo Steinberg, diretor do BIG Festival, em entrevista exclusiva à Tangerina. “No festival, a gente vai ter jogo da Humble. É independente? É. Foi feito por estúdio e tal, mas é um jogo da Humble.”
“Tem jogo da AMC, tem da Atari, junto com Ubisoft, Capcom, Konami… Estande da Nintendo. Está uma doideira, esses mundos estão se encontrando, o mainstream e o independente. É uma coisa que a gente já enxegava lá atrás, e ainda bem que está acontecendo”, continua o executivo. “Tem Epic, tem Roblox, os dois melhores jogos criados no Roblox vão ser expostos num estande. Cada vez mais a gente vê que a ideia tem muito mais valor do que quanto você tem de hardware.”
Organizar a programação de um evento como o BIG Festival não é tarefa fácil. Afinal, são vários públicos diferentes reunidos em um único espaço. Gamers querem ver as novidades, o pessoal da indústria quer acompanhar as palestras (serão mais de 200 horas de talks), os independentes estão de olho nos contatos que podem fazer, há quem queira acompanhar os bastidores do mercado… Enfim, é preciso contemplar todos os gostos no line-up. Como Steinberg e sua equipe conseguem isso?
“Uma possível resposta é que a gente está com oito palcos, né? Tem palco para todo tipo de coisa, são três palcos de conteúdo que têm um foco maior em B2B e lançamentos. Tem um palco do The Enemy, dois de meet and greet, a arena de eSports que agora acontece todos os dias, um estande do Banco do Brasil, onde vai ter uma programação de apresentação de jogos brasileiros. Isso fora todas as áreas que a gente tem, né?”, aponta o diretor.
Gustavo Steinberg é diretor do BIG Festival
Reprodução/YouTube
O BIG Festival também ganha (mais) importância por contar com a presença de publishers importantes, enquanto a E3 2023 acabou cancelada após Nintendo, Sony e Xbox desistirem de marcar presença –já se especula que as edições de 2024 e 2025 da feira também não sejam realizadas. “A gente sempre teve uma relação forte com as publishers por conta da área de negócios, né? Elas já frequentam há uma década o BIG Festival, algumas há mais tempo, outras há menos tempo. Como é que eu posso dizer isso? Eles ganham dinheiro com a gente, né? (risos)”, diverte-se Steinberg.
“Então a gente tem uma relação que também não é tão fácil de transpor. Porque são times diferentes e tal, mas já existe uma relação de confiança estabelecida. E muitas vezes a relação com a publisher tem mais a ver com calendário de lançamentos do que qualquer outra coisa”, aponta o executivo. “E tem outra coisa: todo o rolê que a gente fez para os independentes, no sentido de criar espaço ou ampliar mercado, demorou um pouco para cair a minha ficha de que os times latino-americanos das grandes publishers têm o mesmo objetivo. Eles querem que a América Latina cresça. E veio uma compreensão de que, se a gente trabalhar junto, isso vai acontecer de forma mais fácil.”
“Se a gente desenvolve a própria parte de desenvolvimento de jogos aqui, se isso cresce, cresce o mercado como um todo, não é só o indie, vai todo mundo junto. O ponto de vista, se existe um DNA do BIG, é o DNA de que a gente tem que desenvolver esse mercado e crescer. E por isso que a gente sempre traz o que tem de mais novo no cenário. Eu brinco que a gente demorou para chegar, mas um dos possíveis slogans para o BIG é ‘o futuro dos games’.”
No fim das contas, a divisão entre indie e mainstream está tão tênue que até o bilionário Harry Potter vai marcar presença no BIG Festival, com um estande de Hogwarts Legacy –com direito a Chapéu Seletor. “A gente realmente atende todo mundo. Mas a alma continua sendo indie, aquela coisa de ‘vamos fazer o negócio acontecer, vai ser legal se todo mundo crescer junto’. A gente teve um ponto de inflexão em relação a isso até quando a gente criou a categoria de melhor jogo latino-americano, para falar ‘tem que crescer a região mesmo’, né? O BIG vem fazendo isso, e tem dado certo.”
O BIG Festival acontece entre quarta (28) e domingo (2), das 10h às 20h, no São Paulo Expo. Os ingressos do evento estão à venda, e custam de R$ 35 a R$ 240. Também é possível adquirir um combo que inclui entradas para a CCXP 2023.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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