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Cena de Remnant Tour

Reprodução

Análise

Chefona: Como Ikumi Nakamura quer ampliar diversidade nos games

Artista e diretora japonesa funda o Unseen, estúdio voltado para desenvolvimento de jogos e outras mídias: “Um lugar onde diferentes culturas se cruzam”

Jessica Pinheiro
Jessica Pinheiro

Ikumi Nakamura se tornou um nome relevante para quem acompanha assiduamente a indústria de jogos pelos últimos anos. Em seu currículo, constam produtoras famosas como a Capcom, a PlatinumGames e a Bethesda Softworks; e após uma pausa por conta da maternidade, a artista e diretora japonesa anunciou recentemente um novo estúdio de jogos, o Unseen.

Com a promessa de ser multicultural, diverso e concentrado no desenvolvimento de jogos e outras mídias focadas em mistério, terror e ficção científica, o Unseen foi fundado em Tóquio, mas “funciona como um terminal”, de acordo com a própria Nakamura em entrevista ao IGN. “Um lugar onde diferentes culturas se cruzam”, promovendo o encontro de artistas de diferentes lugares do globo.

“Uma mistura de culturas pode ser um terreno fértil para novas ideias, e isto é a verdadeira alegria de começar um novo estúdio”. O Unseen, inclusive, já está trabalhando em um projeto de jogo, mas nenhum detalhe foi divulgado por Nakamura até o momento. Segundo ela, a equipe está sendo muito cuidadosa com a ambientação e personagens, já que o game visa “refletir personalidades e minorias da vida real”.

Cena do vídeo de apresentação do Unseen

Somos o UNSEEN

Novo estúdio de desenvolvimento de games promete diversidade e será um terminal para artistas de todo o mundo se encontrarem

A jornada até o Unseen

Antes de fundar o Unseen, Nakamura vivenciou um trajeto curioso.

Primeiramente, tornou-se mundialmente conhecida quando apresentou Ghostwire: Tokyo para o público durante uma conferência da Bethesda, na E3 2019. A revelação do novo jogo chamou a atenção por mesclar uma ambientação sobrenatural com câmera em primeira pessoa, apesar de seu gameplay não ter sido divulgado logo de início. Contudo, quem verdadeiramente roubou a cena foi a carismática pessoa que apresentou o game momentos antes do trailer ser exibido: Ikumi Nakamura. 

Esta foi a primeira vez que a grande maioria dos gamers soube da existência de Nakamura, uma artista e diretora japonesa com passagens por estúdios como o Clover da Capcom onde criou as artes de fundo para Ōkami, e PlatinumGames onde atuou como artista conceitual de Bayonetta e trabalhou brevemente no cancelado Scalebound como diretora de arte.

Ikumi Nakamura na E3 2019

Nakamura roubou a cena quando apresentou Ghostwire: Tokyo no palco da conferência da Bethesda, na E3 2019

Reprodução/Bethesda

A partir de 2010, ela passou a trabalhar na Tango Gameworks, uma divisão da Bethesda, onde serviu como artista em The Evil Within 1 e 2. Depois, Nakamura se tornou diretora criativa de Ghostwire: Tokyo, mas devido ao estresse com as políticas e decisões sobre o jogo, saiu da empresa em 2019, no meio do desenvolvimento.

Ela conta ao Game Informer que teve pesadelos diários a respeito de seus superiores. Somando isso à saúde em declínio, Nakamura deixou o projeto com a sensação arrebatadora de que estava abandonando um filho: “Eu era uma diretora criativa, então este é literalmente meu bebê, um bebê de quatro anos”.

Com a notícia de sua saída da Bethesda, Nakamura recebeu ofertas para se juntar a diversos estúdios de vários lugares do mundo na época, além de ter feito amizade com nomes como Cory Barlog, do estúdio Santa Monica da Sony, e até mesmo com o diretor de cinema JJ Abrams. Até que uma das maiores reviravoltas de sua vida aconteceu: ela ficou grávida.

“Eu nunca quis ter filhos”, disse Nakamura, revelando inclusive que vomitou em durante algumas de suas visitas a estúdios de jogos. 

Narrativas promissoras

Cena da entrevista de Nakamura ao IGN

Nakamura revela que o Unseen já está trabalhando em um projeto, mas sem muitos detalhes

Reprodução/IGN

Ikumi Nakamura não é a primeira mulher a fundar um estúdio de jogos: a canadense Jade Raymond tem pelo menos dois em seu nome (o Motive e o Haven), enquanto Kellee Santiago foi co-fundadora do thatgamecompany (responsável por Journey). No Brasil, o PixelPunk nasceu da junção dos poderes de Tiani Pixel e Fernanda Dias, e o Joymasher tem Thais Weiller como co-fundadora também. Ainda assim, a artista e diretora é uma das pioneiras de maior destaque no Japão.

Não bastasse isso, Nakamura carrega a experiência recente de ter sido mãe, algo que pode se refletir nas narrativas de seus próximos projetos —assim como outros artistas e diretores de sucesso fizeram em títulos como God of War (2018), de Cory Barlog, e Death Stranding, de Hideo Kojima.

Sua posição, agora como a chefona do Unseen, pode ainda abrir portas para que mais mulheres, de diferentes culturas, possam ter seu próprio espaço na indústria. E felizmente, isso é algo que Nakamura pretende realizar: “Há uma criadora que é como uma irmã mais velha para mim, que cuida de mim”, revelou à Game Informer. “Ela me disse: ‘Eu quero que você se sente no trono algum dia, porque seu sucesso vai encorajar a mim e muitas outras mulheres desenvolvedoras’. [Na] época, eu realmente não entendi o que ela quis dizer com isso. Mas agora eu sei o que isso significa”.

Um estúdio que visa servir de lobby para diversos desenvolvedores de todos os cantos do mundo certamente se encontrarem, tem potencial para inspirar e causar impacto. Destacar mais mulheres no meio disso é apenas uma questão de tempo se depender de Nakamura:  “Eu me tornar conhecida, pouco famosa, foi pura coincidência”, diz ela. “Sim, foi uma coincidência, mas vou transformar isso em uma oportunidade”.

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Jessica Pinheiro

Jessica Pinheiro

Repórter da Tangerina, Jessica Pinheiro já cobriu games e tecnologia em veículos coo IGN Brasil, Loading TV e The Enemy. É streamer nas horas vagas e nasceu no Ceará, mas infelizmente não tem sotaque. Ama karaokê e também assina a Koluna Pop, onde traz todas as novidades do universo do k-pop.

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